ATA DA DÉCIMA OITAVA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA
PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM
18-11-2009.
Aos dezoito dias do mês de novembro do ano de dois
mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e dez minutos, foi
realizada a chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Aldacir José
Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, Engenheiro Comassetto,
Ervino Besson, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João
Carlos Nedel, João Pancinha, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Marcello Chiodo,
Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Nelcir Tessaro, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol,
Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e Waldir
Canal. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos
os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Beto Moesch, DJ Cassiá, Dr. Raul, Dr.
Thiago Duarte, Elias Vidal, Mario Manfro, Mauro Zacher, Nilo Santos, Paulinho
Ruben Berta e Toni Proença. Às quatorze horas e vinte minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e vinte e
nove minutos, constatada a existência de quórum. Em Votação, esteve o Projeto
de Lei Complementar do Executivo nº 008/07. Em continuidade, foi aprovado
Requerimento verbal formulado pelo vereador Valter Nagelstein, solicitando
alteração na ordem de apreciação das Emendas apostas ao Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 008/07, por dezenove votos SIM, dez votos NÃO e
uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos vereadores Fernanda
Melchionna, Adeli Sell, Luiz Braz e Maria Celeste, em votação nominal
solicitada pelo vereador Pedro Ruas, tendo votado Sim os vereadores Bernardino
Vendruscolo, Beto Moesch, DJ Cassiá, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal,
Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Pancinha, Luciano
Marcantônio, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Mauro Zacher, Nilo Santos, Paulinho
Ruben Berta, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha Negra e Valter Nagelstein, votado
Não os vereadores Adeli Sell, Aldacir José Oliboni, Carlos Todeschini,
Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Maria Celeste, Mauro Pinheiro,
Pedro Ruas, Sofia Cavedon e Toni Proença e optado pela Abstenção o vereador
Nelcir Tessaro. Após, o senhor Presidente informou que o senhor Luiz Afonso de
Melo Peres, Diretor Legislativo, procederia à leitura das Emendas antes das
suas respectivas votações. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº
07, aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, por dez votos
SIM e vinte e três votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelos vereadores
Sofia Cavedon, Luiz Braz, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Mauro Zacher e Maria
Celeste, em votação nominal solicitada pelo vereador Luiz Braz, tendo votado
Sim os vereadores Adeli Sell, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos
Todeschini, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Maria Celeste, Mauro
Pinheiro, Pedro Ruas e Sofia Cavedon e Não os vereadores Airto Ferronato, DJ
Cassiá, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Ervino Besson, Haroldo de
Souza, João Antonio Dib, João Pancinha, Luciano Marcantônio, Luiz Braz,
Marcello Chiodo, Mario Manfro, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos,
Paulinho Ruben Berta, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Tarciso Flecha Negra,
Toni Proença, Valter Nagelstein e Waldir Canal. Na oportunidade, o senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca dos trabalhos deste Legislativo
durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07,
informando que serão realizadas Sessões do dia vinte e três ao dia vinte e
vinte e seis de novembro do corrente, nos turnos da manhã e da tarde,
destinadas à votação desse Projeto, tendo-se manifestado a respeito os
vereadores Nilo Santos e DJ Cassiá. Às quinze horas e nove minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e
treze minutos, constatada a existência de quórum. Na ocasião, os vereadores
Luiz Braz, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, Mauro Zacher, Maria Celeste e
Engenheiro Comassetto manifestaram-se acerca da ordem de votação das Emendas
apostas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07. Às quinze horas e
cinquenta minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às quinze horas e cinquenta e sete minutos, constatada a existência
de quórum. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo
vereador Luiz Braz, solicitando alteração na ordem de apreciação das Emendas
apostas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07. Foi votada
destacadamente e aprovada a Emenda nº 11, aposta ao Projeto de Lei Complementar
do Executivo nº 008/07, por vinte e nove votos SIM, um voto NÃO e uma
ABSTENÇÃO, após ser encaminhada à votação pelos vereadores Engenheiro
Comassetto, Toni Proença, Pedro Ruas, Beto Moesch, Reginaldo Pujol, Carlos
Todeschini, Airto Ferronato e Mauro Zacher, em votação nominal solicitada pela
vereadora Fernanda Melchionna, tendo votado Sim os vereadores Adeli Sell, Airto
Ferronato, Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Beto Moesch, Carlos
Todeschini, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto,
Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Pancinha, Luciano
Marcantônio, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mario Manfro, Mauro
Pinheiro, Mauro Zacher, Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Sofia
Cavedon, Tarciso Flecha Negra, Toni Proença, Valter Nagelstein e Waldir Canal,
votado Não o vereador Reginaldo Pujol e optado pela Abstenção o vereador
Sebastião Melo. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 12, aposta ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, por dezoito votos SIM e
nove votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelo vereador Engenheiro
Comassetto e pelas vereadoras Fernanda Melchionna e Sofia Cavedon, em votação
nominal solicitada pelo vereador Valter Nagelstein, tendo votado Sim os
vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch,
Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul, Engenheiro Comassetto, Fernanda
Melchionna, Luciano Marcantônio, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mauro
Pinheiro, Pedro Ruas, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Toni
Proença e Não os vereadores Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, Haroldo de
Souza, João Carlos Nedel, João Pancinha, Luiz Braz, Nilo Santos, Paulinho Ruben
Berta e Valter Nagelstein. A seguir, a vereadora Sofia Cavedon formulou
Requerimento verbal, solicitando renovação de votação para a Emenda nº 12,
aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, tendo o senhor
Presidente determinado que tal Requerimento fosse formalizado por escrito e
tendo-se manifestado a respeito o vereador Luiz Braz. Também, o vereador Elias
Vidal registrou sua intenção de votar contrariamente à Emenda nº 12, aposta ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07. Foi votada destacadamente e
aprovada a Emenda nº 18, aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
008/07, após ser encaminhada à votação pelos vereadores João Pancinha, Carlos
Todeschini e Pedro Ruas. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 28,
aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, por treze votos
SIM e dezesseis votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelos vereadores
Carlos Todeschini, Fernanda Melchionna, Beto Moesch, Reginaldo Pujol, Sofia
Cavedon e Valter Nagelstein, em votação nominal solicitada pelo vereador João
Carlos Nedel, tendo votado Sim os vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato,
Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Dr. Raul, Engenheiro
Comassetto, Fernanda Melchionna, Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Pedro Ruas,
Sofia Cavedon e Toni Proença e Não os vereadores Alceu Brasinha, Haroldo de
Souza, João Carlos Nedel, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Marcello Chiodo,
Mario Manfro, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta,
Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e
Waldir Canal. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 59, aposta ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, por treze votos SIM e
quatorze votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelo vereador Engenheiro
Comassetto e pelas vereadoras Sofia Cavedon e Maria Celeste, em votação nominal
solicitada pelo vereador Aldacir José Oliboni, tendo votado Sim os vereadores
Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos
Todeschini, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Maria Celeste, Mauro Pinheiro,
Pedro Ruas, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Toni Proença e Não os vereadores
Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, Dr. Thiago Duarte, Haroldo de Souza,
João Carlos Nedel, João Pancinha, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Mauro Zacher,
Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha Negra e Valter
Nagelstein. Na oportunidade, o vereador Aldacir José Oliboni formulou
Requerimento verbal, solicitando esclarecimentos acerca do pronunciamento do
vereador Valter Nagelstein durante o encaminhamento à votação da Emenda nº 28,
aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, tendo-se
manifestado a respeito o vereador Nilo Santos. Em continuidade, a vereadora
Maria Celeste formulou Requerimento verbal, solicitando renovação de votação
para a Emenda nº 59, tendo o senhor Presidente determinado que tal Requerimento
fosse formalizado por escrito e tendo-se manifestado a respeito os vereadores
Luiz Braz e Engenheiro Comassetto. Após, por solicitação do vereador Reginaldo
Pujol, foi realizada verificação de quórum, constatando-se a existência do
mesmo. Foi apreciada destacadamente a Emenda nº 63, aposta ao Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 008/07, a qual, após ser encaminhada à votação
pelo vereador Engenheiro Comassetto e pela vereadora Fernanda Melchionna, teve
sua votação suspensa. Na ocasião, o senhor Presidente informou o falecimento,
no dia de hoje, do senhor Evaldo Luiz Besson, irmão do vereador Ervino Besson.
Às dezoito horas e trinta e três minutos, esgotado o prazo regimental da
presente Sessão, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Sebastião Melo, Toni
Proença e Nelcir Tessaro e secretariados pelo vereador Nelcir Tessaro. Do que
eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata,
que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo senhor
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Havendo quórum, passamos à Ordem do Dia.
Solicito
aos Srs. Líderes de Bancada que se aproximem da Mesa dos trabalhos. (Pausa.)
(O
Ver. Toni Proença assume a presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Declaro
suspensa a Sessão por cinco minutos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h20min.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença - 14h26min): Estão reabertos os trabalhos.
Renovo a suspensão dos trabalhos até às
14h30min.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h26min.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo - 14h29min): Estão reabertos os trabalhos.
Senhoras
Vereadoras e Srs. Vereadores, após consultar a nossa Diretoria Legislativa e a
Procuradoria da Casa, a Presidência acolhe o Requerimento do Ver. Valter
Nagelstein e vai submetê-lo à votação pelas seguintes razões: não há uma
disposição expressa no Regimento, Ver. Reginaldo Pujol e Ver. Valter
Nagelstein, sobre o Requerimento formulado pelo Ver. Valter. Mas, ao analisar o
Requerimento, por analogia, eu entendo que, acima da decisão de um Presidente e
não havendo acordo entre os Líderes, existe um Colégio maior, que é o Plenário
da Casa. Na dúvida, eu transfiro para o Plenário da Casa aquilo que o
Presidente tem dúvida em decidir. Para não decidir monocraticamente sobre um
tema que apresenta alta dubiedade, na minha avaliação, eu o submeto ao
Plenário.
Em
votação o Requerimento, de autoria do Ver. Valter Nagelstein, solicitando
alteração da ordem de votação das Emendas referentes ao PLCE nº 008/07.
(Pausa.)
A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Valter Nagelstein.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente, eu queria discordar do Requerimento do Líder do Governo, sem entrar
no mérito da sua avaliação, como Presidente, por duas razões, no mínimo. A
primeira diz respeito à ordem dos trabalhos.
Nós estamos entrando num
processo longo, que é a discussão do Plano Diretor da Cidade. Longo, porque
este Plenário avaliará a todas as Emendas rejeitadas e aprovadas e o Projeto
conjunto; longo, do ponto de vista da Cidade, porque tem a ver com uma
concepção de cidade e com o planejamento da Cidade para o próximo período,
portanto é um assunto muito sério. E nós, que encaminhamos hoje, na Reunião da
Presidência com as Lideranças partidárias, uma série de Sessões Extraordinárias
que tomarão o tempo dos Vereadores - segunda-feira, o dia inteiro; terça-feira,
o dia inteiro; quarta-feira e quinta-feira da semana que vem -, colocando toda
a Casa para discutir o Plano Diretor, recebemos uma orientação de votação.
Hoje,
a Diretoria Legislativa, mais uma vez cumpriu muito bem o seu trabalho, mandou
para todos os Gabinetes uma relação das Emendas que estão sendo e que serão
apreciadas, ou deveriam ser apreciadas nessa ordem. Nessa relação há o número
da Emenda, a entidade que a propõe, se foi aprovada ou rejeitada e o autor do
destaque. Para aqueles Vereadores que se aterão a fazer um trabalho sério,
analisando Emenda por Emenda, rediscutindo, repensando, argumentando,
comparando com o Plano Diretor anterior - processo que o pessoal já começou a
fazer pela ordem que foi enviada hoje; já começamos a analisar as dez primeiras
Emendas para nos munirmos, Ver. Pujol, de argumentação, de debate sobre se é
melhor ou pior para a Cidade, de como traduzir, porque esse debate muitas vezes
parece técnico, mas não é técnico, é muito real. Em linguagem popular, uma
questão que é fundamental para a cidade de Porto Alegre: as três primeiras
Emendas, que eu poderia citar neste momento, dizem respeito a três temas
fundamentais: Áreas de Interesse Cultural, Projetos Especiais de Impacto
Urbano e, a terceira, a preservação da orla do Guaíba. E nós, como deveriam ter
feito todas as Bancadas, já nos preparamos para determinada ordem de votação.
Pois bem, chegamos ao plenário, vem um Requerimento do Líder do Governo, que
desorganiza uma votação que já é complicada, que já é detalhada, que já é
parcelada pela quantidade de 180 Emendas que nós teremos para discutir,
desorganizando a organização das Bancadas, sejam elas de oposição ou de
situação. Isso, em primeiro lugar. Em segundo lugar, nós temos que avaliar a
maior parte do teor das Emendas que foram rejeitadas. Lamentavelmente, o único
instrumento de participação real da população de Porto Alegre, que houve nesse
processo de rediscussão do Plano Diretor, foi o Fórum de Entidades, que se
reuniu toda quarta-feira aqui na Câmara Municipal, sob a coordenação do Ver.
Toni Proença, que teve quase 70% das suas Emendas rejeitadas. E nas Emendas do
Fórum há a preocupação com a orla, há a preocupação com os projetos de impacto
ambiental, há a preocupação de controle social, de ampliar a democracia nos
conselhos que tratam do Plano Diretor, e majoritariamente foram rejeitadas
essas Emendas, que são muito importantes para a cidade de Porto Alegre. Há a
Emenda que trata da questão do metrô, Verª Maria Celeste, que, sob sua
orientação, com a do Ver. Comassetto e outros Vereadores apresentaram, e nós
votamos paritariamente ontem na Comissão, sendo derrotada pelo Voto de Minerva
do Ver. Luiz Braz, que estava na presidência naquele momento. É uma Emenda
fundamental para a cidade de Porto Alegre, porque trata do problema do metrô,
que está em todos os jornais hoje, da possibilidade de não vir recurso federal,
por um lado, e, por outro, de não ter projeto de metrô para a Cidade. E querem
votar em primeiro lugar, por quê? Porque, mais uma vez, querem fazer uma
votação açodada, às pressas, “passando a patrola” sobre as minorias, em vez de
se darem conta de que esse debate não é de maioria ou de minoria aqui, mas tem
relação com maiorias ou minorias na Cidade. Não pode uma Cidade se render e
transformar o seu Plano para a facilitação da especulação imobiliária, em
detrimento da qualidade de vida, na defesa do meio ambiente, na memória do
patrimônio de Porto Alegre.
Não
pode um Plano Diretor ser a retórica do planejamento e a prática do caos,
facilitando que a Cidade cresça cada vez mais desordenadamente, passando por
cima daquilo que poderia garantir ao povo de Porto Alegre uma qualidade de vida
melhor, como é a arborização, como são os jardins, como são as áreas de
Interesse Cultural.
Portanto,
quero dizer que os Vereadores que querem estudar Emenda por Emenda,
independente da Bancada, que deveriam manter a ordem do trabalho feita pelo
Diretor Legislativo. Se não for assim, isso está me cheirando a “patrola”, Ver.
Pedro Ruas. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de
autoria do Ver. Valter Nagelstein.
O
SR. ADELI SELL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu fico impressionado
com a forma como a Liderança do Governo está tratando a questão desse
encaminhamento e de outros. Eu já havia ficado um pouco preocupado na Reunião
da Mesa com as Lideranças, Verª Fernanda Melchionna, porque nós temos um acordo
de Mesa nos procedimentos de votação, na ordem natural das coisas, tais quais
elas foram discutidas. Não cabe aqui quem tem força de maioria oprimir a
minoria; isso não é democracia.
É
impressionante como o Prefeito Fogaça, que já perdeu o trem, por ter optado
pelos Portais, agora opta por forçar um debate, primeiro, pelas Emendas
rejeitadas. O Governo faz opções equivocadas, atrasadas, e atrasa o processo de
discussão e votação aqui nesta Casa. Depois, ficamos nós tendo que dar
explicação nos meios de comunicações. Acabo de vir de um programa de TV em que
eu tive explicar que a Câmara, no tempo em que se propôs na Comissão Especial,
dirigida pelo Ver. João Dib, cumpriu o prazo; e que hoje nós estamos iniciando
aqui, conforme decisão coletiva. Inclusive, eu queria aproveitar para dizer aos
meios de comunicação, porque a maioria não comparece aqui nesta Casa - aliás,
alguns comparecem; tem que se fazer justiça: no caso, hoje, por exemplo, da
TVE, a qual quero parabenizar por fazer esta cobertura - porque nós decidimos,
na Mesa, fazer várias reuniões extraordinárias, inclusive à noite, se
necessário, com reuniões na parte da manhã e da tarde, sem objeção das
Bancadas.
Esta
é uma Casa em que se trabalha, mas aí vem o Governo querendo forçar uma
discussão, forçar um rito, Ver. Pedro Ruas, que não é o rito natural das
coisas, que é o procedimento tal qual as Emendas foram arroladas aqui pela
douta Diretoria Legislativa. Foi assim que houve a votação na Comissão
Especial, e assim deve ser também a votação aqui na Casa. Então, esse tipo de
confusão não nos ajuda em absolutamente nada. Admiro-me, inclusive, com o Líder
do Governo, porque concordamos com o Vereador inclusive no sentido de fazer uma
reunião extraordinária para podermos votar um tema de interesse do mandato do
Vereador, que é o caso de uma moção - até com isso concordamos! Quer dizer,
nós, que poderíamos objetar, que fomos prejudicados em várias discussões no
caso do Plano Diretor, fizemos um esforço monumental, sob a Liderança da Verª
Maria Celeste, com a coparticipação da Liderança do PSOL, com a Verª Fernanda,
presente em todas as reuniões, colocando todos os elementos necessários para
darmos prosseguimento, darmos a agilidade necessária para a aprovação do
Projeto do Plano Diretor.
Nós
devemos ter diferenças entre nós, as quais devem ser explicitadas para a
Cidade. Há muita confusão na Cidade, por exemplo, sobre temas que foram
tremendamente badalados, há dois anos, como alturas, recuos, etc. e tal, que,
depois, em certo sentido, subsumiram diante de dezenas e dezenas de Emendas.
Nós ainda não entramos no debate de conteúdo, mas o encaminhamento que faço é
pela manutenção da votação tal qual ela foi combinada na Mesa Diretora, com as
Lideranças, e que não se mude esse processo natural. Não queremos atrasar o
processo, que, se for atropelado, a dívida, a culpa, a responsabilidade é da
maioria do Governo e do seu Líder Valter Nagelstein.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de
autoria do Ver. Valter Nagelstein.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, começo dizendo que
estou feliz, porque vejo aqui presentes algumas emissoras de comunicação do
nosso Rio Grande do Sul. E isso é muito bom para esta Casa, porque vêm fazer a
cobertura da votação de um Projeto que é muito importante para esta Cidade. E é
claro que nós queremos que eles estejam sempre presentes aqui; mas não da forma
como foi com os jornalistas do Teledomingo, que vieram destruir a instituição,
vieram para desfazer a instituição. Isso, realmente, não é jornalismo. Aqueles
que vêm a esta Casa para levar para a opinião pública aquilo que a Casa está
fazendo, com toda a certeza, todos são muito bem-vindos. Esses deveriam estar
aqui todos os dias, vendo o trabalho que é executado por cada um dos Vereadores
deste Legislativo.
Eu
vim a esta tribuna para encaminhar a votação do Requerimento feito à Mesa para
que as Emendas rejeitadas possam ser votadas em primeiro lugar. E a minha amiga
Fernanda Melchionna veio a esta tribuna e citou uma das Emendas que votamos
ontem, mas que, pelo Voto de Minerva que eu dei, acabou sendo rejeitada. Quero
dizer à Verª Fernanda que eu também tenho preocupação com o metrô - e já
declarei isso várias vezes -, que deve ser uma prioridade para todos nós. Eu,
individualmente, coloco o metrô em primeiro lugar, à frente das outras
alternativas que estão sendo colocadas pelo Governo.
Acontece,
Ver. Dib, que nós não sabemos ainda qual o traçado do metrô; ninguém tem essa
certeza. Ninguém sabe por onde vai passar o metrô. Nenhum de nós; nem o
Prefeito sabe. Então, como é que nós podemos colocar gravame numa determinada
região sem saber se é lá, realmente, que vai passar a linha do metrô?
Ora,
essa era a Emenda do Ver. Comassetto que estava sendo votada, à qual é no
sentido de colocar gravame em toda uma região, que nós ainda não sabemos se é
por lá que vai passar, realmente, a linha do metrô. Aí eu fui obrigado a dar um
Voto de Minerva, e, no Voto de Minerva, votei contra a Emenda, mas não porque
não ache que é importante que haja uma previsão da linha do metrô, mas nós não
sabemos ainda - infelizmente, eu gostaria que nós já tivéssemos, Ver. Todeschini,
um trajeto definido para a linha do metrô, mas nós não sabemos. Então, como nós
não sabemos, nós não podemos colocar gravame, porque sabemos que o gravame
acaba diminuindo o preço dos imóveis, acaba colocando problemas para as pessoas
que têm esses imóveis nessas regiões, acaba colocando uma Espada de Dâmocles
sobre a cabeça de cada um daqueles moradores, sem necessidade.
Por
isso, Ver. Reginaldo Pujol, fomos contrários; por isso votamos contrariamente.
Então, acho que na votação das Emendas até eu não esperava, Verª Sofia Cavedon,
que houvesse destaques nas Emendas. O que tinham me dito é que aquilo o que a
Comissão estava resolvendo, naquele momento, das Emendas que entraram, seria
decidido dentro da Comissão. Mas hoje eu fui surpreendido pela notícia de que o
Ver. Todeschini tinha colocado destaque em todas aquelas Emendas. Ora, nós não
podemos proibir que os Vereadores exerçam o seu direito de Vereador. Então, se
assim agiu o Ver. Carlos Todeschini, e se a Bancada do PT também aceitou isso,
então, vamos votar dessa forma. Agora, não há por que, Ver. Pancinha, nós não
votarmos de acordo com esse Requerimento: todas as Emendas rejeitadas em
primeiro lugar e, depois, vamos enfrentar aquelas Emendas que foram aprovadas,
e eu acredito que há muitas Emendas ali que são consenso absoluto, Verª Maria
Celeste. V. Exª não esteve presente, mas há muitas Emendas ali que são consenso
absoluto. Eu acho que restam poucas para que nós possamos fazer aqui uma
discussão para terminar, pelo menos, esta parte das Emendas. Eu sou favorável a
este Requerimento do Líder Governo, que solicita que as Emendas rejeitadas
sejam votadas em primeiro lugar, e, depois, que a gente enfrente as Emendas
aprovadas pela Comissão.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Maria Celeste está com a palavra para encaminhar a votação, pela oposição
do Requerimento, de autoria do Ver. Valter Nagelstein.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, para nós causa
estranheza essa nova proposta que foi apresentada hoje na reunião de Mesa e
Lideranças, e que é reiterada mesmo quando se estabeleceu um critério, na
reunião de hoje pela manhã, de que deveríamos seguir a ordem estabelecida pela
Diretoria Legislativa, a ordem que está aqui, ou seja, a ordem de entrada das
Emendas. Também poderíamos estabelecer o critério que a Comissão estabeleceu,
que seria o mais correto e o mais justo neste momento. Nós avaliamos na
Comissão não por ordem de entrada das Emendas, mas por artigo do Plano Diretor.
Esta lógica nós deveríamos implementar aqui no Plenário. Se há uma preocupação
do Governo, de fato, em votar adequadamente, corretamente, no momento em que
traz o Vereador-Secretário Márcio Bins Ely essa proposta a este Plenário,
então, o correto, o adequado é votar por artigo, e não pela ordem de Emendas.
Agora,
me parece que há uma manobra sendo implementada neste momento aqui, na Câmara
Municipal, querendo conduzir todo o processo. No meu entendimento, o Governo
entrou tarde nessa discussão. A Comissão Especial trabalhou com muito afinco
nesta Casa, deliberou e determinou várias Emendas pela rejeição e pela
aprovação, e agora, no finalzinho da discussão na Comissão, o Governo se faz
presente, inclusive para a nossa surpresa, destacando 59 Emendas para trazer
para o Plenário, discordando da opinião - quando se faz um destaque, se
discorda - da Comissão.
Portanto,
querer votar, neste primeiro momento, as Emendas rejeitadas, me parece uma
manobra para que o Secretário disponha de mais tempo, porque, senão, vejamos:
muito nos impressiona que a maioria dos destaques das Emendas rejeitadas são da
oposição, com exceção das Emendas do Ver. Beto Moesch, que é da base do
Governo, e, das Emendas rejeitadas, a maioria é da oposição e do Fórum de
Entidades. Agora, das Emendas aprovadas que foram destacadas pelo Governo, a
maioria é dos Vereadores da base do próprio Governo. Aqui há destaques das
Emendas do Ver. Ervino Besson, do Ver. João Bosco Vaz, do Ver. Mauro Zacher, do
Ver. Nelcir Tessaro, que eu não entendi, porque todas as Emendas são adequações
ao Estatuto da Cidade, e o Governo destaca todas as Emendas que foram aprovadas
pela Comissão.
Então,
não dá para compreender a lógica do Governo, que entra tarde no debate, e que,
aliás, deveria ter acompanhado a votação na Comissão, dando a sua opinião para
os seus Vereadores. Muitas vezes, na Comissão, Verª Fernanda Melchionna, a
oposição votou favorável ao Projeto do Governo, e os Vereadores da situação
fizeram o contrário, votaram contra o Projeto do Governo. Talvez, agora, a
intenção do Secretário seja ganhar tempo, para negociar com os Vereadores da
situação, porque, para aquelas Emendas que foram aprovadas na Comissão, há
certamente um parecer pela rejeição do Governo. Então, o que está em jogo agora
é, de fato, o Governo querer dizer para os Vereadores desta Casa como devem
proceder nesta votação. Nós, da oposição, não concordamos com isso; nós, da
oposição, não aceitamos isso; nós não seremos cabresteados aqui não! Nós temos
opinião, nós discutimos na Comissão, muitas vezes votamos junto com o Governo,
especialmente no que tange a questões das alturas, da área livre vegetável,
preocupados com o conceito de cidades, com projeto de cidade que nós queremos
construir para Porto Alegre. E, agora, a gente vê os destaques do Governo para
as Emendas aprovadas, sendo, na grande maioria, as Emendas dos Vereadores da
situação. Não dá para entender esta lógica, esta omissão do Governo que, aliás,
apresentou várias Emendas novas - novas -, agora, no apagar das luzes, depois
que a Comissão Especial encerrou os seus trabalhos.
Eu
quero também, Sr. Presidente, fazer um Requerimento a V. Exª neste momento,
porque eu ainda não recebi, talvez esteja equivocada, o Relatório da Comissão,
com análise da aprovação ou da rejeição das Emendas que foram avaliadas na
Comissão no dia de ontem. Nós precisamos deste documento para que possamos
verificar se vamos manter alguns destaques ou não. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Verª
Maria Celeste, em seguida nós vamos providenciar o Relatório, vou pedir à nossa
Diretora Legislativa.
Em
votação nominal, requerida pelo Ver. Pedro Ruas e outros, o Requerimento de
autoria do Ver. Valter Nagelstein. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO
por 19 votos SIM, 10 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Eu solicito que façam a
distribuição da nova ordem de votação aos Srs. Vereadores. (Pausa.) Eu vou
pedir ao Sr. Luiz Afonso, Diretor Legislativo, que proceda à leitura das
Emendas que nós vamos enfrentar, porque talvez alguns Vereadores não tenham
conhecimento do seu teor, a não ser que haja dispensa.
Solicito
ao Sr. Luiz Afonso, Diretor Legislativo, que proceda à leitura da Emenda nº 07
ao PLCE nº 008/07, de autoria da Verª Margarete Moraes, que foi destacada pela
Verª Sofia Cavedon.
(O
Sr. Diretor Legislativo procede à leitura da Emenda.)
VOTAÇÃO
(encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
Nº 6777/07 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 008/07, que dispõe
sobre o desenvolvimento urbano no Município de Porto Alegre, institui o Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre – PDDUA – e dá
outras providências. Com Emendas.
Parecer:
- Conforme Relatório da Comissão Especial.
Observação:
- votação nos termos do art. 131-D do
Regimento da CMPA.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação a Emenda nº 07, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 07,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar,
quero lamentar a postura do Governo Municipal em todo esse processo de
discussão e revisão do Plano Diretor. Lembro da Audiência Pública que o
Vice-Prefeito, Sr. José Fortunati, realizou na UFRGS, para onde as pessoas
foram carregadas de ônibus e orientadas para votar, quando mexeram na proposta
do Plano Diretor, e o Governo dizendo que isso era democrático e legítimo.
Aquilo foi emblemático do que nós assistimos durante a discussão do Plano Diretor.
A Prefeitura, eleita para governar, nas discussões que acontecem na Cidade,
deixa “à Bangu” na lógica de mercado, e quer dar a roupagem de democrática.
Hoje,
com esse Requerimento do Governo, solicitando essa mudança, depois de
terminadas as discussões na Comissão, dá-se conta do que - talvez um desastre
muito grande, para além do Projeto que ele mandou para revisão - possa
acontecer. O Governo sequer acompanhou essa revisão do Plano, sequer discutiu
com a sua base, aqui, tanto que está pedindo tempo, mudando a ordem de votação
das Emendas para negociar com os seus Vereadores.
Então,
não vou usar aqui um termo rebaixado, mas é muito lamentável essa posição
omissa do Governo, essa posição que não dá segurança a nenhum cidadão. Nós
vamos entrar nas discussões das alturas, e o Governo anunciou uma determinada
altura e está passando outra no Plano Diretor; mandou dois Anexos
contraditórios para cá, e assim vem se mantendo durante toda a discussão do
Plano. E não se posiciona diferente quanto às Áreas de Interesse Cultural, tema
de que trata a Emenda da Verª Margarete Moraes, que propõe algo prudencial, não
há Projeto Especial em Área de Interesse Cultural - essa é a proposta da Verª
Margarete. E por que ela propõe que não tenha? Porque a Área de Interesse Cultural
é para ser preservada nas suas características fundamentais, naquilo que traz
de significância, de identidade, de memória da Cidade, da nossa gente, da nossa
construção histórica. O Projeto Especial bota abaixo qualquer critério nesse
sentido, flexibiliza tudo. O Projeto Especial é um outro Plano Diretor,
institui outras regras; são acomodações a partir das decisões que a Prefeitura
faz como proponente. Portanto, jogar na plena flexibilização Áreas de Interesse
Cultural não é preservá-las. Então, no Projeto Especial - está no Plano
Diretor, não sei em qual Anexo -, estão contidas situações muito densas,
grandes, como as de minimercados, shoppings, estacionamentos, portanto,
de impacto de primeiro, segundo e terceiro graus. E projetos de impacto não devem
estar instituídos em Áreas de Interesse Especial. Áreas de Interesse Especial
não podem ter mudanças profundas na sua organização, não podem ser
descaracterizadas.
Então,
chamo atenção dos Srs. Vereadores e das Sras Vereadoras para esta
temática das Áreas de Interesse Cultural, onde se quer mexer mais
profundamente. Na verdade, as Áreas de Interesse Cultural são o principal
atrativo de uma cidade, para o seu turismo, para o seu desenvolvimento
econômico, para a identidade do seu povo. Ou preservamos essas Áreas, ou
perdemos a capacidade que Porto Alegre tem de dialogar com o mundo, de marcar
sua identidade no mundo, de marcar sua identidade para o seu povo. E um povo
sem identidade é um povo onde se instala a barbárie, onde a rede social se
fragmenta e onde não é possível constituir qualidade de vida.
Então,
trata-se disto, da nossa história, da nossa memória a preservar. Eu peço,
portanto, que votemos e recuperemos esta Emenda que a ex-Vereadora Margarete
encaminhou.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Sebastião Melo): Srs.
Vereadores, eu quero socializar com os senhores, e também com a imprensa, que
nos honra com a sua presença, o que acertamos com relação ao cronograma de
votação desta matéria. Hoje, pela tarde, estamos iniciando a votação; amanhã
teremos uma Sessão Extraordinária, às 16h, para continuar a votação. A partir
da semana que vem, Srs. Vereadores, eu apelo aos senhores para que zerem suas
agendas, pois teremos votação pela manhã e à tarde, de segunda à quinta-feira.
Serão votações corridas, com suspensão dos trabalhos só para o almoço. As
Comissões, na terça-feira, não terão reuniões, com exceção de alguma Comissão
que não tenha conseguido cancelar sua convocação. Já acertamos isso e, talvez,
somente a Comissão de Saúde não consiga cancelar a sua reunião, o que ainda
estamos decidindo.
O
SR. NILO SANTOS (Requerimento): Sr.
Presidente, a Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro requer que toda a
imprensa seja comunicada das nossas atividades aqui durante a semana; se for
possível, encaminhar para todas, inclusive para a RBS. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs.
Vereadores, não vamos polemizar.
O
SR. DJ CASSIÁ: Quero ser
breve e rápido. Salvo melhor juízo, Sr. Presidente, o senhor falou que já há um
acerto em todas as Comissões. Eu sou Presidente da Comissão de Educação e não
foi acertado nada conosco, temos agenda na terça-feira. Quero comunicar ao
Presidente que até posso resolver a situação da Comissão, mas eu gostaria de
ser comunicado. Obrigado, Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Ver.
DJ Cassiá, desculpe se me excedi. Solicitei ao funcionário Sandro que
verificasse quais Comissões já tinham expedido suas convocações, e só uma havia
expedido. Então, estamos apelando, agora à tarde, aos Presidentes de Comissões
que ainda não expediram correspondência, para que, se possível, posterguem-nas.
Foi isso que indicamos lá. Não foi uma decisão, mas um indicativo.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 07 ao
PLCE nº 008/07.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente Sebastião Melo; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, estamos num momento muito especial da discussão desta
Revisão do Plano Diretor, meu querido amigo Mauro Zacher. Se enveredarmos na
votação deste plenário tal qual ela iniciou, nem no ano que vem vamos
terminá-la! Não há prazo suficiente, não há espaço suficiente para terminarmos
a discussão no ano que vem. Ora, Ver. Reginaldo Pujol, Vereadoras Maria Celeste
e Sofia Cavedon, nós fizemos um acordo durante as Comissões de que mandaríamos
as Áreas de Interesse Cultural com cinco Emendas: a Emenda nº 373, de
autoria do Ver. Reginaldo Pujol; a Emenda nº 06, de autoria da Verª Margarete
Moraes; o texto original, do Prefeito, e mais a Emenda nº 371 e a Emenda nº 372.
A Emenda nº 371 forma uma Comissão que será
encarregada de analisar toda a matéria ligada às Áreas de Interesse Cultural,
que deverá entregar a esta Casa, num prazo de seis meses, um texto a ser
transformado em projeto, e este projeto possa ser votado por esta Casa. A
Emenda nº 372, de autoria da Verª Maria Celeste, diz que mesmo aquelas Emendas
que foram rejeitadas vão para consulta, para que pelo menos aquelas pessoas que
estão estudando as Áreas de Interesse Cultural possam ter em que se guiar para
elaborar um texto definitivo realmente bom para toda a sociedade.
Ora, nós vamos eliminar uma série de Emendas com
este acordo. Não é que nós queremos nos livrar das Emendas, mas assim ficará um
encaminhamento melhor, será melhor para a sociedade, e melhor para a Cidade,
porque, afinal de contas, se nós votarmos da forma como estamos votando, Ver.
Mauro, uma, que vai demorar muito, e, outra, que vai ficar um Frankenstein.
O Plano Diretor, sem que exista um acordo firmado entre os Vereadores, vai sair
uma coisa horrorosa! Eu acho que nenhum de nós quer isso.
Por isso, Sr. Presidente, eu peço a V. Exª que
suspenda, novamente, a Sessão, pelo menos por cinco minutos, para que esse
acordo das Áreas de Interesse Cultural possa ser reafirmado, porque só assim
começaremos um entendimento capaz de nos fazer votar um bom texto do Plano
Diretor. Se nós vamos começar mal, vamos seguir mal, e aí, nem no ano que vem
conseguiremos votar este texto.
Eu me lembro que o Ver. João Dib, primeiramente -
claro que com toda boa vontade que tem -, afirmava, juntamente com o Presidente
da Casa, que nós estaríamos em outubro votando. Ora, mas nós estamos em
novembro! Que bom, nós não paramos de trabalhar, estamos em novembro! E se
houver boa vontade, nós vamos entregar, em novembro, realmente, uma boa Lei
para a sociedade. Mas se não houver essa boa vontade, Ver. João Antonio Dib,
nem no ano que vem nós vamos conseguir, realmente, esse processo de votação.
Eu acho que para que nós possamos ter um bom
início, primeiramente, é necessário que se respeite o acordo com relação às
Áreas de Interesse Cultural.
Nós enfrentamos, também, resistência do Governo,
enfrentamos resistências em outras áreas, mas acontece que é necessário manter
este acordo, porque eu acho que é a forma melhor para que possamos encaminhar
esta votação que iniciamos aqui neste plenário. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu atendo o
Requerimento do Ver. Luiz Braz e suspendo a Sessão por cinco minutos.
Estão suspensos os trabalhos da presente Sessão.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h09min.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo - 15h13min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão
Extraordinária.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra.
O
SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo, conversando com a Verª Sofia Cavedon, nós
fazemos um Requerimento para não paralisar a votação que estamos fazendo,
solicitando que tiremos fora as matérias relacionadas às Áreas de Interesse
Cultural, até que possamos chegar a bom termo com relação ao acordo que foi
feito. Só votaremos as áreas que não estejam ligadas às Áreas de Interesse
Cultural, e aí seguimos a votação. Porque nessa matéria das Áreas de Interesse
Cultural, se o acordo ficar pronto, pelo menos 16 Emendas estariam sendo
retiradas da votação.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs.
Vereadores, o Requerimento do Ver. Luiz Braz só logra êxito se houver a
concordância de todas as Bancadas, porque estamos em processo de votação. Eu
consulto se todos dão acordo para o Requerimento, que é o seguinte: nós
retirarmos da votação, neste momento, esta matéria, enfrentarmos outras Emendas
e depois voltarmos ou não a esta matéria, dependendo do acordo. Todos concordam
com isso? Não estou retirando a matéria.
Ver.
Luiz Braz, eu não tenho abrigo regimental para atender ao seu Requerimento a
não ser que haja um acordo de todas as Bancadas. Eu não estarei retirando a
matéria de votação, estarei passando para outras votações, outra ordem de
votação, e deixando esta matéria sobrestada para ser enfrentada logo ali na
frente - essa é a questão, Ver. Luiz Braz. Nós estamos sobrestando esta matéria
para ser enfrentada ali na frente, fruto de um acordo ou não. Agora, se não há
acordo, sou obrigado a colocar em votação.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, se nós conseguirmos um acordo nas Áreas de Interesse Cultural,
estaríamos retirando fora das votações pelo menos 16 Emendas. Eu acho que seria
importante para o processo de votação aqui neste Plenário - acho que sim.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Presidente,
foi iniciada a votação desta matéria, foram feitas afirmações da tribuna que
não são corretas, nós queremos responder a essas afirmações e votar! Nós
queremos confirmar a decisão; esta matéria foi votada na Comissão, é uma Emenda
horrível para a Cidade e queremos votar, queremos deixar bem claro que esta
Câmara não comporta essas coisas! Não dá para acordar esta Emenda.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Vereador-Presidente,
para colaborar: podemos ir à votação desta Emenda. Conversei aqui com o Ver.
Braz, porque, inclusive, esta não estava no acordo. E as outras 16, a gente
aguarda e não entra em votação, porque nós retiraremos o destaque se houver
acordo do Governo de retirar o destaque da Emenda nº 07, em relação às Áreas de
Interesse Cultural. Por isso estamos aguardando mais um membro do Governo
chegar aqui na Câmara, outra vez tardiamente, mas a oposição tem interesse em
dialogar.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): V.
Exª está dizendo para enfrentarmos esta matéria e, em relação às outras que dizem
respeito às Áreas de Interesse Cultural, V. Exas vão fazer um
Requerimento posteriormente, é isso?
O
Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 07,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. PEDRO RUAS: Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, caro Presidente Sebastião Melo, esta Emenda da
Verª Margarete Moraes, a quem rendo minhas homenagens, neste momento, define
uma questão muito importante para todos nós, mas que vem posterior a um
conceito que nós devemos ter: o que é cultura? É a soma do conhecimento, dos
hábitos, dos costumes, do comportamento, da média de pensamento de qualquer
sociedade, qualquer agrupamento humano em determinada época. E nós temos,
obviamente, na nossa sociedade, em Porto Alegre, essas mesmas características.
Quando a ex-Vereadora Margarete Moraes pleiteou que fosse vedado qualquer
Projeto Especial de Impacto Urbano em Áreas de Interesse Cultural, ela estava
pensando exatamente nisso, na existência de uma Lei geral - o Plano Diretor,
obviamente -, e, com base nessa Lei geral, aquilo que poderia ou não ser objeto
de Projeto de Lei Especial.
Nós
tivemos também, Verª Fernanda Melchionna, uma Emenda, lamentavelmente rejeitada
ontem, que encaminhamos sob o nº 423 - lá do Fórum, a Tania Faillace conhece
bem o trabalho -, em que estabelecíamos que esse tipo de Projeto Especial só
poderia ter origem no Executivo e somente poderia ser destinado a equipamentos
públicos de interesse comunitário obviamente, na Saúde, na Cultura, no lazer,
porque tínhamos e temos essa mesma visão.
Nós
não podemos ter uma legislação geral intensamente trabalhada, como é o caso de
um Plano Diretor, e nós tivemos o Plano Diretor de 1959, Ver. Dib, o Plano
Diretor de 1979, o de 1999 e agora trabalhamos no de 2009, exatamente para
termos bases fixas, diretrizes que durem anos, mas que não estejam, respeitados
os argumentos em contrário, sujeitas a modificações eventuais de interesses
particulares e momentâneos, e que, de alguma maneira, interfiram no interesse
maior da coletividade e na legislação geral, principalmente, particularmente em
Área de Interesse Cultural, em áreas que estão preservando a nossa forma de ser
e de sermos porto-alegrenses. Aliás, nós tivemos, em 2008, um exemplo dramático
nesse sentido, o debate intenso que houve na Cidade e nesta Câmara Municipal,
que houve também, neste ano de 2009, em relação à Ponta do Melo, o conhecido
Pontal do Estaleiro; uma Área de Interesse Cultural, de preservação ambiental,
e que foi objeto de um Projeto Especial, contrariamente ao que definia e define
o Plano Diretor de 1999 e, provavelmente, ao que definirá o de 2009.
Portanto,
a Emenda da ex-Vereadora Margarete Moraes é uma Emenda correta, é uma Emenda
que valoriza todo o trabalho que nós estamos tendo em definir regras gerais,
regras importantes de caráter permanente para o conjunto da Cidade e de
conhecimento do conjunto da sociedade, porque de nada adiantaria nós
trabalharmos um, dois, três meses, seis meses, um ano ou mais no Plano Diretor
e termos, depois, a cada semana, um Projeto de Lei Especial alterando este
mesmo Plano Diretor em qualquer área, em qualquer setor.
(Manifestação
das galerias.)
O
SR. PEDRO RUAS: Por isso
é fundamental, é indispensável que nós tenhamos em conta a valorização do
trabalho desta mesma Câmara e o interesse da sociedade, para que possamos
votar, e este é o encaminhamento do PSOL, meu e da Verª Fernanda Melchionna, no
sentido de que votemos favoravelmente à Emenda, porque é ela que nos assegura
que todo o trabalho que estamos tendo, toda a discussão, toda a mobilização da
sociedade não seja em vão, que tenhamos, realmente, um Plano Diretor - que não
é consenso, é verdade -, que será aprovado com divergência, é verdade, mas que,
em sendo aprovado, não seja, a cada semana, a cada mês, modificado por um
projeto especial em qualquer área, com relação a qualquer interesse, e
desconhecendo não só o trabalho, mas o interesse maior, importantíssimo,
fundamental, que justifica os nossos mandatos, de toda a sociedade. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
07, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, em princípio, a nossa
manifestação aqui tem que ser em consonância com o que nós decidimos na
Comissão; em princípio, tem que ser essa a nossa posição. Esta matéria foi
decidida pela ampla maioria na Comissão, porque se entendeu que era
extremamente restritiva esta Emenda proposta pela ex-Presidente desta Casa,
vedando, proibindo a instituição de projetos especiais de impacto urbano em
Áreas de Interesse Cultural. Não se está discutindo aqui se a instituição do
projeto especial vai ser mantida ou não vai ser mantida; aqui está se reconhecendo
a sua existência e dizendo que, em Área Especial de Interesse Cultural, ele não
pode ser aplicado. E depois se faz uma subemenda dizendo: “Salvo se o Governo
tomar iniciativa.”
Existe
uma profunda matriz ideológica nesse pedido; querem excluir, Ver. DJ Cassiá, a
sociedade, as empresas, os animadores culturais, de fazer um projeto especial
numa Área de Interesse Cultural, e depois vêm falar em Parceria Público-Privada
aqui? É absolutamente ilógico isso! Essa matéria não foi motivo de acordo, foi
rejeitada na primeiríssima hora. Esta Emenda foi a segunda matéria a ser objeto
de apreciação aqui na Casa e foi derrotada: a grande maioria votou
contrariamente. Seria um horror para a cidade de Porto Alegre nós termos esta
matéria aprovada; nós
precisamos rejeitá-la até como uma demonstração de que não queremos engessar
Porto Alegre, que não queremos afastar os investidores, que, ao contrário,
queremos criar um clima, Ver. João Antonio Dib, de estímulo à presença de
investidores que, além do Governo, promovam investimentos nas Áreas Especiais
de Interesse Cultural, e se precisar fazer um Projeto Especial, que ele seja
debatido com o Município e viabilizado. É o que nós queremos!
Nós queremos todos
acionando as Áreas Especiais de Interesse Cultural para não ser uma área
cultural chapa branca, onde só o Governo pode mexer e a sociedade ficar de
fora.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Sebastião Melo): O Ver.
Mauro Zacher está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 07,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
O SR. MAURO ZACHER: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores; público que nos acompanha pelas galerias e pela
TVCâmara e Rádio Web; peço licença à minha Bancada, porque este é um assunto ao
qual tenho me dedicado e que tenho acompanhado já há alguns anos.
Talvez alguns que estão
aqui na plateia conheçam a caminhada e a bela discussão que o 4º Distrito tem
trazido em relação às Áreas Especiais de Interesse Cultural. Talvez não haja
bairro na Cidade que foi tão acionado, prejudicado pela imposição feita pelo
estudo da Universidade Ritter dos Reis, que aqui reconheço como sendo uma bela
universidade.
Entretanto, nós não
tivemos a possibilidade de fazer um debate mais aprofundado. Aliás, muitos dos
proprietários e da própria comunidade desconheciam que ali eram prédios
listados ou que se tornaram Área Especial de Interesse Cultural.
Eu
quero dizer que tenho uma posição: primeiro, que simpatizo com a ideia de que
esse assunto mereça uma atenção especial, e quero que nós possamos continuar a
discutir esse assunto. Primeiramente eu quero dizer que simpatizo com a
tentativa de um acordo que se construiu ao longo dessa Comissão. Apenas
simpatizo; ainda quero discutir com a minha Bancada se nós devemos tomar esse
caminho ou não, embora já saibamos que o Governo não seja a favor.
Muitos
de nós viajaram para o Exterior para poder, Sr. Presidente, admirar os prédios
históricos e preservados pelas suas cidades. Entretanto, tem que haver
sustentabilidade, e preservar não significa dizer que não faremos mais nada com
aquele prédio; pelo contrário, muitas das experiências que capitais de países
mais desenvolvidos têm feito é justamente o contrário: é possibilitar que seja
preservada a fachada, a parte histórica, a arquitetura bonita, mas que, ao
mesmo tempo, integre-se com a modernidade. É perfeitamente possível fazer isso,
e é isso o que estamos discutindo. Essa Emenda vem ao contrário do processo
seguido por outras Capitais para preservar os seus prédios históricos.
Então,
eu digo que, com a garantia de que esse processo seja aqui discutido de maneira
meio atropelada - embora este Plano Diretor esteja há dois anos na Casa e já
estejamos discutindo este assunto -, nós não podemos fazer com que as nossas
Áreas de Interesse Cultural fiquem como muitas estão, e, eu diria aqui no 4º
Distrito: áreas sem condições de serem preservadas ou revitalizadas, porque se
tornaram grandes “elefantes brancos” para a sua região.
É
evidente que eu votarei contra esta Emenda, como já o fiz na Comissão que
discutiu Emenda por Emenda e que também a rejeitou, porque acho que nós devemos
conceituar, preservar, mas, ao mesmo tempo, fazer com que Áreas de Interesse
Cultural tenham a sua revitalização, a sua sustentabilidade e que se tornem
grandes polos de desenvolvimento, garantindo àquelas regiões desenvolvimento,
crescimento sempre sustentável e sempre respeitando a história da nossa Cidade.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Maria Celeste está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
07, destacada, ao PLCE nº 008/07.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, é
importante resgatar que esta Emenda nº 07 traz uma discussão que foi sinalizada
pela aprovação na Relatoria da qual eu fazia parte, Ver. Pancinha, Ver. DJ
Cassiá, Ver. Dr. Thiago, na qual concluímos que a observância em relação à Área
de Interesse Cultural, especialmente do Projeto Especial, tem que ser
considerada dentro das diretrizes do Plano Diretor. Mais do que isso, a
Relatoria III, com uma Emenda de autoria do Ver. Airto Ferronato, que é da
Relatoria IV, apresenta uma solução para esse tema, dizendo que, salvo se o
Projeto Especial tem a iniciativa do Poder Executivo, a partir de um estudo da
Secretaria de Planejamento Municipal.
Ora,
essa Emenda e a Subemenda foram rejeitadas, porque não contemplavam aquilo que
a maioria da Comissão pensava. Mas as temáticas, que trabalhavam
especificamente o tema aprovaram as Emendas e a Subemenda, tanto a Temática V,
quanto a Emenda nº 03, que era sob a Relatoria do Ver. Nelcir Tessaro. É
importante colocar que o estudo feito pela Ritter e pela Secretaria de Cultura,
à época, traz a deliberação e a determinação de 80 Áreas de Interesse Cultural
na Cidade. O Projeto do Governo, que veio para esta Casa em 2007, diz que vai
avançar no sentido da preservação histórica e cultural da Cidade, ampliando
para 134 áreas. Não é verdade! O que foi feito foi um desmembramento daquelas
80 áreas, diminuindo inclusive as Áreas de Interesse Cultural, especialmente
aquelas delimitadas pela região do Moinho de Vento e pela região central da
nossa Cidade.
Então,
na realidade o que nós vemos é que há uma flexibilização maior, criada com uma
área de transição chamada de Área de Ambiência, em que ali vai poder contemplar
regimes diferenciados. Essa é a proposta do Governo. O Ver. Luiz Braz faz um
grande esforço quando diz: nós, aqui, não podemos, sem ter uma análise técnica,
mesmo que a nossa Relatoria tenha tratado desse tema, mais adequada, baseada em
mapas e em critérios, que é aquilo que o estudo da Ritter dos Reis trazia, a
morfologia, a questão cultural, a questão da delimitação do bairro, o que
implica para a vida e para a sociabilidade daquele bairro, porque isso, sim,
caracteriza uma Área de Interesse Cultural na Cidade, não é só o aspecto
arquitetônico, não é só aquilo que foi levantado com relação ao 4º Distrito no
sentido de que essa região precisa de uma revitalização, levando em conta
apenas os prédios. Em toda Área de Interesse Cultural há um aspecto que tem que
ser levado em consideração, não é apenas o aspecto arquitetônico dela.
Portanto,
remeter projetos especiais para dentro de uma Área de Interesse Cultural é
descaracterizar completamente aquela Área que foi determinada para a Cidade
como uma Área de Interesse Especial. (Palmas.)
E
o que é um Projeto Especial? Nós temos tido, aqui nesta Casa, experiência com
Projetos Especiais que são verdadeiros monstros, digamos assim, do ponto de
vista de conceito de Cidade. Foi assim com o caso do Pontal do Estaleiro, um
Projeto Especial incidindo em uma Área Especial da Cidade, que é a orla, uma
Área de Interesse Cultural da Cidade,
e, portanto, a população deu o seu recado, quando, por intermédio de uma consulta
popular, foi às urnas e disse ao Prefeito Municipal: “Nós não queremos
residências na orla, queremos qualidade de vida, queremos preservação história
e cultural na cidade de Porto Alegre, queremos preservação ambiental”.
(Palmas.) Esse recado, Secretário Márcio Bins Ely, que está aqui conosco, tem
que ser levado em conta, em consideração, especialmente nas Áreas de Interesse
Cultural. Nós não queremos Projetos Especiais nas Áreas de Interesse Cultural;
Projeto Especial é para a construção de um equipamento especial, essencial para
a Cidade, como um hospital, como algo que vá atender, de fato, a uma
necessidade especial da população, e não transformar qualquer iniciativa em
vontade de empreendedores como Projeto Especial. Essa é a característica do Projeto
Especial.
“Não” ao Projeto Especial dentro das Áreas de
Interesse Cultural da Cidade de Porto Alegre. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Airto
Ferronato está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 07,
destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) Desiste.
Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Luiz Braz,
a Emenda nº 07, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADA por
10 votos SIM e 23 votos NÃO.
Quero
enfrentar uma questão suscitada pelos Vereadores Luiz Braz e Sofia Cavedon. No
Requerimento anterior V. Exas diziam que enfrentariam esta e fariam
um Requerimento para que as matérias que dizem respeito ao interesse cultural
não fossem votadas neste momento.
Quero
saber se V. Exas ratificam o Requerimento, mas é necessário nominar
quais são as Emendas, porque esta Presidência não sabe quais são elas.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, como eu tenho muito desejo de que realmente o Plano Diretor possa
ser votado neste ano, eu acredito que o melhor para esta Casa seria que nós
pudéssemos, realmente, reafirmar o acordo. Como nós não temos ainda todas as
condições para reafirmar, aqui, o acordo, faltam aqui, ainda, membros do
Governo que poderiam falar, definitivamente, discutir se querem ou não querem o
acordo. Então, a minha proposta é que a gente espere mais um pouco para
votarmos matérias alusivas às Áreas de Interesse Cultural. Enquanto isso, vamos
prosseguir votando outras matérias.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Ver. Braz, veja o seguinte, a Diretoria Legislativa não tem aglutinadas todas
as matérias de interesse cultural. O que nós podemos fazer é começar a
enfrentar matérias que não são, então...
O
SR. LUIZ BRAZ: São as
Emendas nºs 210, 214, 264, com Subemenda 01; 293, 294, 368, 369, 370, 399, 401,
403, 405, 406, 411, e a 207 com uma Subemenda; e a nº 423, como indicação. Além
disso, estaríamos resolvendo, praticamente, de vez, a Emenda nº 373; as Emendas
nºs 06, 331 e a Emenda nº 332. Todas essas Emendas ficariam resolvidas através
do acordo. Por isso eu acho que é muito importante que a gente faça esse acordo
em definitivo.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
V. Exª está, então, fazendo um Requerimento para que elas fiquem para o final.
É isso? Pode ser isso? (Pausa.) Passem-nas para o final de votação.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sim, eu
só quero mudar a nº 431 e a nº 432.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Ver. Braz, eu vou pedir ao Luiz Afonso que faça as leituras, e quero que vocês
o acompanhem atentamente, para ver se não há equívocos. Por favor, Luiz Afonso,
proceda à leitura do Requerimento que foi proposto, e que seja colocado para o
final...
O
SR. DIRETOR LEGISLATIVO (Luiz Afonso de Melo Peres): As Emendas são: 207, com Subemenda nº
01, 210, 214, 264, com Subemenda nº 01, 293, 294, 368, 369, 370, 399, 401, 403,
405, 406, 411, 423, 431, 432.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Ver.
Luiz Braz, V. Exª citou outras Emendas que ficariam prejudicadas também.
O
SR. LUIZ BRAZ: Não
seriam prejudicadas, porque elas já estariam em desacordo. Seriam a Emenda nº
06, a 373, o texto do Projeto, mais as Emendas nºs 431 e 432.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Vamos
passar para o final também?
O
SR. LUIZ BRAZ: Exatamente.
E mais a 198 que também estaria praticamente resolvida por esse acordo.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Solicito
ao Luiz Afonso que proceda à leitura das Emendas que estavam faltado ainda.
O
SR. DIRETOR LEGISLATIVO (Luiz Afonso de Melo Peres): As Emendas são: 06, 373, 431, 432, no
primeiro bloco, mais a Emenda nº 198.
O
SR. LUIZ BRAZ: As que
tem o indicativo de não, seriam retirado o destaque e já estariam mortas, as
outras é que nós estaríamos aqui já...
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Só
um ajuste Presidente. Não é a Emenda nº 198, que é sobre o Estudo de Impacto
Vizinhança, é a Emenda nº 208, que pede a supressão do Anexo 3.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Vereador,
eu acho que nós corremos o risco de fazer uma enorme confusão, porque está se
procurando resguardar Emendas que deveriam ser rejeitadas de acordo com o que
foi concertado. E está sendo colocado aqui, por exemplo, um caso que eu já
flagro, que é a Emenda nº 373, que foi aprovada.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver.
Pujol, como ela foi destacada...
O
SR. REGINALDO PUJOL: Não
estamos tratando agora das Emendas aprovadas, Vereador, estamos tratando das
Emendas rejeitadas. E a solicitação é que essas Emendas que foram rejeitadas,
dentro da composição, fiquem para o final. É isso? Para a análise das
rejeitadas, não para o final do processo.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, apenas para que o Ver. Pujol possa entender. Nós estamos falando,
Ver. Pujol, em todas as Emendas que são envolvidas pelo acordo, as aprovadas e
as rejeitadas, todas elas que são envolvidas pelo acordo.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Mas
a Emenda nº 373 não estava neste acordo, Vereador? Foi por isso que ela foi
aprovada.
O
SR. LUIZ BRAZ: Como ela
foi destacada, Ver. Pujol, tem que se retirar o destaque dela.
O
SR. MAURO ZACHER: Sr.
Presidente, eu quero fazer aqui uma consideração, porque nós já invertemos a
pauta, estamos votando aquelas Emendas que já foram reprovadas e a que foram
dadas destaque para, ainda, a argumentação dos seus proponentes. Então, não há
necessidade de nós pararmos com o nosso trabalho. Eu acho que há condições de
nós continuarmos discutindo as Emendas rejeitadas.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
primeiro lugar, Ver. Mauro, não há nenhum Requerimento para suspender a Sessão.
Há um Requerimento, de clareza meridiana, que é transferir para o final da
votação essas Emendas. Ou se tem acordo para isso ou não se tem acordo. Agora,
eu vou submeter todos os Requerimentos à consulta, porque o Plenário é maior do
que o Presidente. Não estamos suspendendo Sessão, estão pedindo para votar
essas Emendas no final. É este o Requerimento.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, diante da confusão do número das Emendas, eu solicitaria a V. Exª
para suspender por três minutos os trabalhos, para que possamos conferir com o
Ver. Pujol e com o Ver. Braz, que foram os autores do Requerimento na Comissão,
criando uma nova Emenda para as Áreas de Interesse Cultural, a numeração e lhe
entregar corretamente, para que não cometamos nenhum erro, nenhum engano.
Obrigada.
O
SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Verª
Maria Celeste, nós combinamos aqui o tema da continuidade e não do debate. Eu
quero fazer uma sugestão, associada ao que V. Exª coloca. A próxima Emenda é do
interesse ambiental da Cidade, e todas as Emendas sugeridas para o acordo são
das Áreas Especiais de Interesse Cultural, mesmo as aprovadas e as rejeitadas,
fazendo um bloco único.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Defiro
a solicitação da Verª Maria Celeste. Suspenderei a Sessão por três minutos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h50min.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo - 15h57min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
O
SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Sr.
Presidente, pelo entendimento das Lideranças, solicitamos que as Emendas que
dizem respeito às Áreas de Interesse Cultural possam ficar sobrestadas até no
máximo no dia de amanhã.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação o Requerimento de autoria do Ver. Luiz Braz. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO. As Emendas, devidamente
lidas, irão para o final da votação.
Em
votação a Emenda nº 11, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.)
O
SR. DIRETOR LEGISLATIVO (Luiz Afonso de Melo Peres): Procede à leitura da Emenda nº 11.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para encaminhar a votação da
Emenda nº 11, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, esta Emenda,
apresentada pelo Fórum de Entidades, é a primeira de muitas Emendas que trata
da orla do Guaíba. Este é um tema muito presente e necessário sob o ponto de
vista de fazermos uma reflexão, e que este instrumento, que é o Plano Diretor,
que orienta todo o desenvolvimento da Cidade, possa tratar do tema da orla com
a devida necessidade e qualidade que precisa. O Fórum apresentou uma Emenda justamente
no art. 1º do Plano Diretor, que trata dos princípios. Entre o conjunto de
princípios, os nove que já compõem o artigo, que são diretrizes de
desenvolvimento da Cidade, foi apresentado o décimo, que diz o seguinte (Lê.):
Preservação permanente das margens do rio Guaíba, não permitindo atividades que
de qualquer forma contribuam para descaracterizar ou prejudicar seus atributos
e/ou funções essenciais”.
Porto
Alegre carece de um projeto para toda a orla do Guaíba, lá do arroio Gravataí
até o arroio Chico Barcelos, na divisa com Viamão, logo à frente de Itapuã,
porque essa orla tem características diversas. Há regiões em que ela já está
ocupada com estrutura urbana, como é o caso do nosso Porto, como consta na
proposta da revitalização do Porto, como é a Usina do Gasômetro, como são os
espaços livres que temos até o Beira-Rio, como é a região da Vila dos
Pescadores, na Assunção, como é a orla da Assunção, parte dela livre, parte
ocupada por propriedades privadas, que vão até a sua orla; como é a região da
Pedra Redonda, com a Sociedade de Engenharia, que vai até um belo espaço de
Ipanema, que foi revitalizado e entregue à população junto com o Guarujá. Tem
toda a Vila dos Sargentos, na Serraria, que está ocupada e cuja regularização
precisa ser feita, o que, inclusive, estava no Projeto Socioambiental e foi
retirado.
E,
a partir da Ponta Grossa, excluindo-se Belém Novo e Lami, que têm habitação,
existe um forte potencial dos elementos naturais: existe vegetação, existem
corredores biológicos, existem nascentes naquelas encostas, existe a ocupação
ribeirinha, existem os pescadores que trabalham de Belém Novo até Itapuã.
Portanto,
o que está sendo colocado nesta Emenda, que foi rejeitada pela Comissão, é para
apresentar no início do Plano Diretor um dos seus princípios essenciais, que é
colocar a orla como uma diretriz, para que ela fique na mente do Plano Diretor,
ou seja, na inteligência primeira do Plano Diretor, que precisa ser trabalhada
com os potenciais que ela oferece e com todos os conflitos que ela também
oferece.
Qual
é o projeto que vai ser desenvolvido na orla? Ou será que a população, ou esta
Casa, ou a sociedade vai ser pega de surpresa para tratar de mais um projeto
pontual dentro da orla? Não, nós queremos verificar quais são as diretrizes, de
norte a sul de toda a orla, e dizer: “Este é o projeto de sustentabilidade
ambiental da cidade de Porto Alegre para esse patrimônio cultural ambiental que
se chama orla do rio Guaíba, e ele tem que obedecer ao princípio do espaço
público e da preservação dos elementos da natureza que ali ainda existem como
um potencial e um patrimônio da cidade de Porto Alegre”.
Portanto,
temos que reverter o voto da Comissão, e o Plenário agora deve assumir uma
primeira diretriz: “Queremos toda a orla como uma orla que inclua, que seja uma
orla da cidade de Porto Alegre, que venha a embelezar, qualificar, que venha a
ser um espaço de utilidade pública e de desenvolvimento dos projetos de
acessibilidade, de turismo, de qualidade de vida e de riqueza cultural para a
cidade de Porto Alegre”.
Portanto,
pedimos o voto favorável. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Toni Proença está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 11,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. TONI PROENÇA: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
membros do Fórum de Entidades que hoje estão aqui; antes de fazer a defesa
desta Emenda, quero dizer que a edição do Fórum de 2009 consagrou a
participação popular nas revisões do Plano Diretor de Porto Alegre, que têm que
ser feitas a cada três anos.
O
Fórum teve um papel destacado na apresentação de propostas, na discussão das
Relatorias, e o Fórum já é uma realidade consagrada na parceria com os
Vereadores, com o Legislativo Municipal, na análise do desenvolvimento urbano
na cidade de Porto Alegre.
Esta
Emenda tem por objetivo não descaracterizar a orla do Guaíba, preservando as
margens de todo o rio Guaíba.
A
Cidade já sinalizou como quer que seja tratado o rio Guaíba na última Consulta
Popular que tivemos; portanto, trata-se somente de os Srs. Vereadores atenderem
a mensagem que as urnas da Consulta Popular enviaram a todos nós: aos
Legisladores, aos membros do Executivo e a toda a Cidade. A população de Porto
Alegre é, na sua grande maioria, defensora da orla do Guaíba (Palmas.), e eu
venho aqui, com uma certa tranquilidade, dizer aos Vereadores deste Plenário
que o Governo deu acordo pela aprovação desta Emenda, ou seja, mesmo
rejeitada na Comissão, o Governo reviu a posição e tem a tendência de orientar
a base aliada pela aprovação da Emenda.
Portanto, peço aos Srs. Vereadores que, ao
consagrar este voto aprovando a Emenda, façam uma homenagem à sociedade de
Porto Alegre e principalmente aos representantes do Fórum de Entidades que
militaram nos últimos nove meses, todas as quartas-feiras, até altas horas da
noite; foram mais de 88 entidades. (Palmas.)
Tenho certeza de que os Vereadores serão sensíveis
a esse trabalho, e tenho certeza de que o Fórum está de parabéns, e já é uma
realidade na parceria com os Legisladores na construção de uma Cidade melhor, a
Cidade que queremos, com sustentabilidade, desenvolvimento, inclusão, e,
principalmente, com harmonia na sua construção urbana. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Pedro
Ruas está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 11, destacada,
ao PLCE nº 008/07.
O SR. PEDRO RUAS: Caro Ver. Sebastião Melo,
Presidente desta Casa e desta Sessão; Vereadoras e Vereadores; membros do Fórum
de Entidades, que nos dão a honra da presença; meu caro Ver. Toni Proença, eu
ouvi com atenção o pronunciamento de V. Exª, e com uma atenção que, a cada
segundo de uso da tribuna, foi se transformando em admiração, não por V. Exª,
que eu já tinha - já havia a admiração e V. Exª é sabedor disso -, mas pela
posição expressa nesta tribuna, da maior relevância, porque nós todos
entendemos que este art. 1º do Projeto, que é a Emenda que toma o inciso X, é
efetivamente orientadora, como o artigo é orientador do conjunto do Projeto. E,
quando o art. 1º define funções sociais da Cidade e da propriedade, poderia ter
dito também que em cada Município, em cada cidade, há a representação da
universalidade dos interesses humanos, e, no nosso caso, Porto Alegre tem o
rio, o rio Guaíba, suas margens, a sua orla, que representam interesses
históricos permanentes do conjunto dessa mesma humanidade, e nós temos a
obrigação, no nosso tempo, na nossa existência, na nossa geração, de preservar.
Este é mais do que um exemplo: é uma verdadeira obrigação em relação à qual as
gerações futuras, desta e de qualquer cidade, podem e devem nos cobrar.
Quando a Emenda do Fórum de Entidades diz (Lê.):
“Preservação Permanente das margens do rio Guaíba, não permitindo atividades
que de qualquer forma contribuam para descaracterizar ou prejudicar seus
atributos e/ou funções essenciais”, está traduzindo todo o pensamento de
preservação ambiental, o pensamento ecológico que preside, hoje, os maiores debates
do nosso planeta, que estarão presentes em Copenhague, como estão presentes,
hoje, nesta Câmara Municipal. (Palmas.)
Por isso, nós temos obrigação de aprovar, sim, esta
Emenda! Repito: não é só por nós, não é só em relação a este Plano Diretor e não
é somente em relação a Porto Alegre: é mais do que isso; é um exemplo que
extrapola os limites municipais, estaduais e até mesmo nacionais, na
preservação das margens e da orla. Por isso, Ver. Toni Proença, eu ouvi com
tanta admiração e contentamento o pronunciamento de V. Exª, porque traduziu,
talvez de toda a base do Governo, talvez de uma parcela dessa base, um
pensamento progressivo, importante, conciliador, e, acima de tudo, responsável
em relação ao rio Guaíba.
Fica, de nossa parte, minha e da Verª Fernanda
Melchionna, da parte do PSOL, um elogio a V. Exª, a todos nós que, de alguma
maneira, lutamos por isso, ao Fórum de Entidades, e, acima de tudo, ao nosso
compromisso com Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Beto
Moesch está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 11, destacada,
ao PLCE nº 008/07.
O SR. BETO MOESCH: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, é importante colocar que o Projeto de Lei do
Executivo, no que diz
respeito aos princípios do desenvolvimento urbano e ambiental, que abre
justamente a peça do Plano Diretor da cidade de Porto Alegre, no seu art. 1º,
avança muito com relação aos princípios, porque ele inclui, por exemplo, o
inciso IX, garantindo a defesa, a conservação e a preservação do meio ambiente.
E ao Fórum de Entidades seremos eternamente gratos, Ver. Mario Manfro, porque
eles estiveram aqui, durante centenas e centenas de noites, colaborando com a
Câmara Municipal para que possamos ter um Plano Diretor que seja a cara da
Cidade, a cara da sociedade porto-alegrense. (Palmas.) E é por isso que eu não
me surpreendo, Ver. Sebastião Melo, com esta Emenda, porque ela é a transcrição
de algo que eu sempre falo aqui no meu Gabinete: quando formos fazer alguma
coisa, nós temos que, em primeiro lugar - isso eu apreendi muito com o Ver.
João Antonio Dib -, analisar, antes de qualquer coisa, a Constituição Federal,
a Constituição do Estado e a aquilo que nós juramos respeitar quando assumimos
o mandato de Vereador: a Lei Orgânica do Município. E esta proposta nada mais
é, e por isso é inadmissível que alguém seja contra ela, a transcrição da Lei
Orgânica do Município como princípio para o desenvolvimento urbano. Só isso.
Como é que isso aqui não foi aprovado ainda? Se nós não vamos sequer defender a
própria Lei Orgânica do Município, o que nós vamos defender? Art. nº 245, da
Lei Orgânica do Município, Ver. Sebastião Melo: “...consideram-se Áreas de
Preservação Permanente as margens do rio Guaíba”. E, parágrafo único: “Nas
Áreas de Preservação Permanente não serão permitidas atividades que, de
qualquer forma, contribuam para descaracterizar ou prejudicar seus atributos e
funções essenciais”. Simples! Muito simples. Portanto, Ver. Luiz Braz, por
favor, se sequer isso vamos aprovar, então vamos rasgar a Lei Orgânica e vamos
para casa! Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
(Manifestações
das galerias.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
11, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, num aspecto eu quero
me solidarizar com o pronunciamento do Ver. Beto Moesch, quando ele ressalta a
qualidade da colaboração que o Fórum das Entidades trouxe ao debate desta Casa.
E faço muito à vontade essa colocação que estou repetindo, e em outras tantas
ocasiões já fiz, porque tenho tido com vários representantes do Fórum o mais
profundo respeito pelas suas posições, ainda que, com muita frequência, delas
tenha divergido. É o caso. Apesar dos aplausos ao pronunciamento do Ver. Beto
Moesch, eu vou ficar com a posição que nós sustentamos, Ver. Mauro, durante o
debate na Comissão, quando entendemos que essa proposta, Ver. Toni, é muito ampla,
inclusive permite interpretações das mais diversas.
Vejo
que a base do Governo se prepara para votar favoravelmente essa aprovação, e
quero dizer, sinceramente, que, como aliado da base, não vou acompanhá-los. Eu
não voto sistematicamente com o Governo; por exemplo, neste caso eu vou votar
contra, porque eu tenho esse temor de acautelamento. Eu não sei se amanhã,
quando a Casa estiver decidindo sobre o Projeto do Cais do Porto, ela não vai
ficar envolvida no que aqui está escrito. É um principio, mas o art. 2º diz que
esses princípios nortearão as decisões do Governo Municipal. Estamos contra a
preservar o meio ambiente? Não! Disse bem o Ver. Beto Moesch: de forma ampla, o
item IX contempla por inteiro, do Cais do Porto a outros tantos locais, os
topos de morro, etc. e tal. Temos que conservar, temos que respeitar.
Sobre
a escrita que está aqui é que eu tenho os meus temores; fundados temores, que
podem ensejar interpretações diferenciadas, porque é muito ampla, é pouco
precisa essa colocação. E já que o Ver. Dib hoje está sendo citado com muita
frequência, até numa justa homenagem a ele, que se recupera de pequenos
problemas de saúde, eu digo que estou na linha que nós aprendemos com ele: que
as leis têm que ser concisas e precisas - e precisão, aqui, não existe. Aqui é
a própria imprecisão. É ampla, geral e restrita, no sentido de coibir qualquer
atividade que se possa fazer na orla do Guaíba. E aí, quem vai dizer se aquela
atividade é compatível ou não com a preservação da área? Atividade; não estou falando
nem em uso, Vereador-Líder, que já me disse da sua disposição de votar
favoravelmente a essa proposição do Fórum. Provavelmente eu seja o único que
fique com essa posição, mas estou deixando muito claro: acho que não estamos
aqui fazendo um festival de bondades, nem para agradar as distintas pessoas que
aqui nos prestigiam com a sua presença; nós estamos aqui para colocar as
posições que, efetivamente, são fruto da nossa reflexão.
Eu
respeito as posições que aqui foram colocadas, muito bem apresentadas por
grandes tribunos, inclusive pelo Ver. Beto Moesch, que reproduz trechos
isolados da Lei Orgânica - Lei Orgânica que eu não escrevi. Se houver algum
erro na Lei Orgânica, eu não preciso repeti-lo aqui. Por que eu vou reafirmar?
Ou será que dois erros vão fazer um acerto? (Manifestações das galerias.)
Eu
vejo, Vereador-Presidente, sorrisos muito alentadores de pessoas que não
conhecem a realidade desta Casa. Elas acham que ironizando as pessoas que vêm à
tribuna colocar sua posição vão obter algum resultado. Ledo engano! Se
resultado obtiverem, esse será negativo: de antipatia às suas posições, porque
posições que são sustentadas com esse tipo de procedimento não merecem a
consideração de quem é desrespeitado.
Por
isso, Sr. Presidente, estou dizendo claramente que fui cooptado para votar a
favor; mas, no meu entendimento, existe esse risco, e eu não vou deixar, apesar
dos risos irônicos, de sustentar a minha posição, que, claramente, é essa:
mantenho a rejeição.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra, pela oposição, para encaminhar a
votação da Emenda nº 11, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, agradeço à Verª Fernanda
Melchionna pela deferência de permitir esta manifestação. Também saúdo o Fórum
de Entidades, as pessoas que nos acompanham das galerias, pela TVCâmara e
também os que nos assistem pela Rádio Web. O Fórum participou ativamente de
todos os debates, construiu, apresentou opinião clara sobre todas as questões
em debate na Cidade, e sempre no espírito de preservar o meio ambiente, de
garantir a qualidade de vida, de apontar para uma cidade melhor, com mais
qualidade de vida, com mais humanidade.
Nós
não podemos, de forma alguma, achar ou pensar que só dinheiro e só negócios vão
construir o futuro; ao contrário. (Palmas.)
Eu
gosto muito de falar depois do Ver. Reginaldo Pujol, porque o Ver. Pujol é uma
pessoa de posições muito claras, muito definidas, e por isso eu o respeito, mas
venho na direção de contrapor, de discordar do meu caro Ver. Pujol. O senhor
disse que o Ver. Beto Moesch leu fragmentos da Lei Orgânica. A Lei Orgânica em
si não é fragmento, a Lei Orgânica é por si uma totalidade, porque ela é uma lei
pétrea, uma lei maior, portanto, não é redundante apresentar uma Emenda para
clarificar as questões para que nós não tenhamos surpresas, como nós tivemos no
caso do Pontal do Estaleiro, quando foi apresentada uma Emenda que queria
usurpar aquela área da Cidade, e sabiamente o povo de Porto Alegre, por 81%,
disse “não”, não à alteração de regime que aqui foi proposta.
Então,
nós estamos discutindo questões dessa natureza. Agora há o Projeto Cais do
Porto. Hoje de manhã, nós recebemos os técnicos da Prefeitura e do Estado, na
Bancada, os ouvimos respeitosamente, mas nós não estamos convencidos dessas
questões. Portanto, as questões que envolvem a orla devem ser vistas como um
todo, do início do rio Gravataí até a divisa com Viamão, na Zona Sul, passando
por todos os elementos constitutivos: as áreas de preservação, as matas, as
águas, aquilo que já está urbanizado, mas, sobretudo, com o espírito, com o
conceito de preservação desse ambiente, desse patrimônio ambiental, que é
talvez o mais rico, o mais nobre da Cidade.
Nós
também estamos aqui para manifestar a posição nessa direção, pedindo o apoio
dos Vereadores e das Vereadoras, para que aprovemos essa Emenda. Os Vereadores
que me antecederam, também favoráveis, foram muito felizes, falaram de maneira
muito substanciosa sobre o trabalho do Fórum de Entidades, sobre a luta, sobre
a discussão envolvendo todos os aspectos e, fundamentalmente, pela ampla
necessidade de que, com a explicitação desta Emenda, nós vamos ter mais
clareza, mais segurança. E ela é ampla, sim, e ela é genérica, porque ela tem
como ideia nuclear, como ideia central, como ideia fundamental, a preservação
ambiental da orla, este é conceito que está claro, que está explícito. Isso
justamente para prevenir que surpresas como as que foram articuladas, mais uma
vez, volto a dizer, não mais aconteçam, porque a Cidade já foi muito clara na
consulta popular - 81% dos porto-alegrenses não querem que a orla seja ocupada,
que ela tenha negócios, mas a querem preservada para uso, fruição e contemplação
dos porto-alegrenses. Um abraço, pedimos o apoio a todos para a aprovação da
Emenda. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O
Ver. Airto Ferronato está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
11, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores
presentes aqui na tarde de hoje, eu tenho dito já há bastante tempo que a
administração de Porto Alegre, os Governos que passaram por Porto Alegre devem
à Cidade um projeto consistente de preservação da orla do Guaíba. Pouco, muito
pouco, e, na minha visão, quase nada existe de mais consistente nesse sentido.
A Emenda nº 11 apresenta algo de muito simples: a
preservação permanente da orla do Guaíba. E a mim parece que nada mais
apropriado do que uma proposta dessas. Dizer coisas e equívocos do passado - e
eu também me equivoquei, não somos todos perfeitos -, como: mas, se já existem
algumas casas, se já existe um Beira-Rio, se já existe o Parque Gigante, agora
vamos liberar tudo! Nós não podemos pensar, com todo o respeito, desta forma. E
quero me reportar ao que disse o Ver. Beto Moesch, com bastante propriedade.
Ele disse aquilo que já está contido na Lei Orgânica, ou seja, que a orla do
Guaíba é de preservação permanente. Está escrito. Quero dizer também e
reconhecer que a proposta é do Fórum de Entidades. O Fórum, sim, presta,
historicamente, um belíssimo serviço para a Cidade, quando se debruçou sobre a
discussão desses assuntos, quando apresentou Emendas e sugestões para o debate.
Acho que é positivo dizer isso. Mas, antes de mais nada, na minha modesta
visão, é uma proposta do Fórum, mas isto é uma proposta da Cidade, consciente,
de Porto Alegre. Será que existe alguém, em Porto Alegre, que não se preocupa
com a orla do Guaíba? Portanto, eu acho que é uma proposta do cidadão de Porto
Alegre para Porto Alegre, e não só para Porto Alegre, para o Estado do Rio
Grande do Sul! Os gaúchos olham para Porto Alegre e enxergam muitas coisas, mas
enxergam, principalmente, o nosso rio Guaíba. O rio Guaíba, que é patrimônio da
Nação brasileira! Se fizermos uma análise um pouco mais prolongada, nós vamos
verificar que não votamos só por Porto Alegre, que não estamos aqui só
defendendo Porto Alegre, o Rio Grande do Sul; estamos alertando o País de que a
preservação do meio ambiente é indispensável, necessária e muito urgente.
Ouvi
o Ver. Pujol falando respeitosamente sobre a questão do Cais Mauá. É um projeto
que, ao vir para cá, vai ter, sim, uma belíssima discussão. Agora, a Emenda nº
11 em nada interfere na nossa discussão, que será posterior. Portanto, Ver.
Pujol, é positivo, sim, precisamos, sim, inclusive do voto de Vossa Excelência.
Quero dizer que é um projeto interessante para a cidade de Porto Alegre. Era
isso que eu queria dizer; um abraço a todos! Vamos votar favoravelmente.
(Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O
Ver. Mauro Zacher está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 11,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. MAURO ZACHER: Sr.
Presidente, Ver. Toni Proença; saúdo mais uma vez os colegas, vou falar de
maneira muito objetiva, porque os discursos acabam se tornando repetitivos na
medida em que há muitos oradores inscritos para falar. Mas eu me senti na
obrigação de subir a esta tribuna e aqui justificar o meu voto em relação a
esta Emenda, justamente porque fui um dos Vereadores que relatou a Temática I
do Plano Diretor. Eu quero relembrar que muitas vezes este Vereador, lá na CCJ,
dá um parecer contrário ao projeto, justamente porque lá não consegue ter a
certeza, a segurança necessária de que esse projeto tenha total legalidade,
segurança legal em relação a um projeto de lei. E muitas vezes este Vereador,
embora tenha dado lá o parecer contrário, não discute lá o mérito da questão, e
sim a legalidade. Entretanto, ao longo do nosso debate exaustivo, na Comissão,
muitas vezes as Emendas surgiram, foram rejeitadas, foram aproveitadas, e nós
conseguimos que várias dessas Emendas não fossem simplesmente rejeitadas. E
para aquelas que foram rejeitadas este Vereador garantiu o voto, para que
pudessem ser destacadas, para que nenhuma Emenda tivesse a possibilidade de ser
negada, rejeitada, sem que nós pudéssemos fazer um amplo debate até o tempo
possível.
Então,
é por isso que este Vereador, não só convencido pelos demais colegas de
Bancada, pelos demais Vereadores que a defendem, Ver. Reginaldo Pujol, mas
também agora subsidiado pelos técnicos, e principalmente pelo Governo, diz que
podemos votar esta Emenda, porque a Cidade sabe, o Fórum de Entidade sabe que
este Vereador tem o compromisso de que essa geração possa ver o seu rio
preservado, revitalizado, com amplo acesso para a nossa comunidade. E não se
faz um mandato em cima do discurso, mas com as nossas posturas. E é assim que
vai ser a postura deste Vereador, quando votar pela aprovação desta Emenda,
porque nós queremos o nosso rio preservado, garantindo que nós daremos um rumo
para esse patrimônio tão importante e tão desejado por nós, porto-alegrenses. É
assim que este Vereador vai votar e também encaminha pela sua Bancada. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
(O Ver. Sebastião Melo
reassume a presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação
nominal, solicitada pela Verª Fernanda Melchionna, a Emenda nº 11, destacada,
ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA por 29 votos SIM, 01 voto NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Passamos à Emenda nº
12, destacada, ao PLCE nº
008/07.
O
SR. DIRETOR LEGISLATIVO (Luiz Afonso de Melo Peres): (Procede à leitura da Emenda.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para encaminhar a votação da
Emenda nº 12, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. ENGENHEIRO COMASSETTO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e
senhores, comunidades aqui presentes, imprensa, esta Emenda proposta pelo Fórum
das Entidades também está no artigo 1º, e ela dá uma dimensão e uma calibragem
institucional ao nosso Plano Diretor no que diz respeito à regulação pública
sobre o solo urbano. Ela registra esse princípio entre os dez já aprovados -
acabamos de aprovar um princípio da orla -, e acrescenta que o fortalecimento
da regulação pública sobre o solo urbano, principalmente no que se refere ao
dispositivo da Lei Federal nº 10.257, de julho de 2001 - Estatuto das Cidades
-, e dá uma nova orientação jurídico-administrativa para o País quanto à
utilização do solo urbano, dando a função social e construindo instrumentos
jurídicos para que os Municípios atuem nesta regulamentação.
Portanto,
dentro dessas estratégias de uso do solo público e do uso do solo privado, que
nós possamos incluir, definitivamente nos conceitos, os diversos instrumentos
existentes, e vou citar alguns. Por exemplo, a ocupação urbana prioritária das
áreas urbanas do Município de Porto Alegre, que são os vazios urbanos
existentes, para os quais aplicando-se o instrumento das AUOPs - Áreas Urbanas
de Ocupação Prioritária -, o Município pode determinar, numa política, que aquelas
áreas têm que servir para a estruturação urbana da cidade de Porto Alegre, seja
para fazer edificação de interesse social, seja para fazer edificações nas
diversas classes sociais, seja para equipamentos públicos. Mas também há outro
instrumento, que é o IPTU Progressivo no tempo, segundo o qual se o
proprietário, durante cinco anos, não apresentar nenhum projeto de estruturação
urbana para aquele terreno, poderá ter o imposto aumentado, chegando até 15% do
valor venal da área. Então, o proprietário terá que apresentar esse Projeto,
inclusive para a indústria da construção civil fazer ali a estruturação da
Cidade, e não para levar a Cidade cada vez mais para longe dos recursos
públicos.
Nós
sabemos que com o Projeto Minha Casa, Minha Vida está sendo proposto criar, por
exemplo, quatro mil ou cinco mil unidades habitacionais além-Restinga, entre
Restinga e o Lami. Cinco mil unidades habitacionais numa região longínqua onde
não há infraestrutura, como serão as redes de água da Cidade? Como faremos com as
redes de saneamento básico? E habitação? E saúde? E trabalho? E mobilidade
urbana? Portanto, os instrumentos apresentados aqui como diretrizes, e, depois,
nos diversos artigos, trabalham para que as Áreas Especiais de Interesse Social
cumpram com a função social da propriedade, e que o Município passe a
adequar-se à Legislação Federal existente, que se chama Estatuto das Cidades.
Neste momento, o Governo Federal está construindo uma política, não para ser
uma política de Governo, mas para ser uma política de Estado em que a União
tenha uma responsabilidade, o Estado tem outra, e os Municípios, outra,
inclusive a de adequar o Estatuto das Cidades no seu Plano Diretor e na sua
Legislação.
Portanto,
esta Emenda apresentada é muito oportuna, porque nos princípios do Plano
Diretor ela apresenta justamente o fortalecimento da regulação pública sobre o
solo urbano de toda a cidade de Porto Alegre. Neste sentido, nós devemos também
acolher e aprovar esta Emenda, porque ela vai qualificar juridicamente,
socialmente e estruturalmente o nosso Plano Diretor para que a Cidade avance.
Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda
nº 12, destacada, ao PLCE nº 008/07.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente; colegas Vereadoras, Vereadores, eu queria fazer uma saudação
especial aos nossos amigos, companheiros, representantes das Entidades que
durante meses tiveram o desafio de tentar melhorar o Plano Diretor,
apresentando Emendas que visam a melhorar o planejamento da cidade de Porto
Alegre, e que, lamentavelmente, na sua maioria, foram derrotadas na Comissão
Especial. Espero que neste Plenário sejam revertidas essas votações que
aconteceram na Comissão e se valorizem, no voto dos Vereadores, os mecanismos
de participação popular, de participação social, a democracia, partindo da
premissa de que os mecanismos que conseguem garantir ou incorporar as sugestões
das entidades organizadas, muitas vezes estão mais adequadas com o que pensa a
população de Porto Alegre do que a representação dos Vereadores nesta Casa.
Gostaria de dizer isso, porque vocês também foram os protagonistas da luta do
Pontal e isso não é qualquer coisa na nossa Cidade; isso foi uma demonstração
clara do que falávamos na tribuna.
Esta
Emenda, apresentada pelo Fórum, é uma Emenda muito positiva, necessária para a
cidade de Porto Alegre. Primeiro, pela inclusão de uma parte do Estatuto da
Cidade, de instrumentos jurídicos do Estatuto da Cidade no Plano Diretor da
cidade de Porto Alegre que prevê uma estratégia, e, aí, não são projetos, mas
uma estratégia articulada de uso do solo público de modo que se possa garantir
a função social também do solo público, no sentido de garantir uma estratégia permanente
de enfrentamento ao déficit habitacional da nossa Cidade.
A
Emenda é muito positiva, porque garante esta preponderância na preocupação da
habitação social, da habitação popular, como um dos nortes para os terrenos
públicos ou para o uso público. Por que eu digo isso? Porque, quando a gente
pensa em solo público, muitas vezes pensa em parque, pensa em escola, pensa em
equipamentos públicos para a população, mas não pensa nas áreas que, além dos
parques que têm que ter, além das escolas que têm que ter, além dos postos de
saúde que também tem que ter, as áreas que são de posse do Município, que são
de posse pública, também têm a obrigação de cumprir uma tarefa, uma função
social, conseguindo reduzir o enorme déficit que existe em Porto Alegre de casas
para a população de mais baixa renda. E parece que é “chover no molhado” dizer
isso, parece que é evidente, mas não é. Primeiro, nós estamos vendo os vazios
urbanos que existem em Porto Alegre e em outras cidades, mas existem muitos em
Porto Alegre, sejam de propriedades privadas, sejam de propriedades públicas.
Prédios abandonados, terrenos abandonados; se a gente circula pela Farrapos,
por exemplo, vê a quantidade de prédios abandonados, que poderiam estar
servindo para os 40 mil porto-alegrenses que não têm onde morar; que poderiam
estar servindo para a regularização fundiária de 723 comunidades que ainda não
são regularizadas, e que, portanto, a população não tem garantida nem a posse
da sua própria habitação. Pode parecer “chover no molhado” falar disso, mas se
o Plano Diretor da cidade de Porto Alegre não aprovar uma estratégia clara,
permanente, que comprometa o gestor com uma política concreta, uma política de
Estado para a habitação social, corre o risco de a Prefeitura se transformar
numa imobiliária que desaliena, que desafeta, que vende as áreas públicas, como
vendeu, recentemente, 18 terrenos em área nobre da Cidade e que deveriam servir
para a habitação popular, que deveriam servir para os desalojados, que deveriam
servir para aproximar o povo também do Centro da Cidade. Mas, não, a Prefeitura
prefere que não tenha política e estratégia clara de uso do solo público,
prefere que não tenha regulação que priorize a habitação social, porque aí fica
a critério do gestor, a seu bel-prazer, definir o que fazer com as áreas
públicas, e a gente vê, na realidade concreta, a Prefeitura se transformar numa
imobiliária e não numa gestão que está preocupada em utilizar os espaços
urbanos, em combater os vazios urbanos e em conseguir alojar, abrigar, regularizar
as pessoas que padecem na nossa Cidade por falta de moradia ou por falta de
condições dignas de habitação. Esta Casa tem a possibilidade de votar uma
Emenda do Fórum, além da questão democrática, garantindo uma política e uma
estratégica permanente de habitação social e de uso do solo público. Espero que
os Vereadores, neste momento, votem pelo bem público, garantindo essa adequação
do Estatuto da Cidade ao Plano Diretor.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Sofia Cavedon está com a palavra, pela oposição, para encaminhar a votação
da Emenda nº 12, destacada, ao PLCE nº 008/07.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu também começo
parabenizando o Fórum; eu quero dizer, com sinceridade, que, dentro da
enormidade dos debates, o que nos dá uma tranquilidade é que o Fórum estava se
dedicando a cada um dos artigos do Plano, para além de a gente trabalhar em
cada uma das Comissões, e essa é uma das provas de que a contribuição do Fórum
foi muito relevante. Eu chamo a atenção para os instrumentos que o Fórum traz
do Estatuto para o nosso Plano Diretor, ao conjunto dos Vereadores aqui, porque
pode não parecer, mas tem muita área pública que os entes federados, o Estado
do Rio Grande do Sul e o próprio Município, por burocracia, por não compreender
ou por discordar da legislação, porque nós estamos discutindo com o Governo do
Estado a aplicação da Lei nº 2.220 e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul
questiona a lei nº 2.220. São várias as comunidades que estão em áreas do
Estado, em Porto Alegre. Tenho dito isso aqui, como a Vila São Pedro, a São
Judas Tadeu, as várias vilas aqui no entorno da Av. Ipiranga, são todas áreas
do Estado. São comunidades que lutam há anos para conseguir a concessão de uso
especial de moradia ou a concessão de Direito Real de Uso, e o Estado nos
confessou, os técnicos do Estado do Rio Grande do Sul disseram: “Nós ainda não
fizemos nenhuma concessão de uso coletivo”. O Estado não aplicou uma sequer! E
aqui no Cristal, temos várias comunidades, as áreas são do Estado, já temos
legislação consagrando o direito de uso da terra, a função social da terra, e o
Estado público que deveria ter o interesse, Ver. DJ Cassiá, de regularizar e
permitir que as pessoas acessem programas para a melhoria da sua moradia, que
acessem recursos para o saneamento, porque estão no meio do esgoto e não podem
mexer. Chamam o DEP, por exemplo, lá na Vila São Pedro, e o DEP diz que não
pode mexer, porque eles não têm a área regularizada. E aí com toda essa chuva,
o esgoto toma as casas das pessoas. É área pública, e as pessoas estão morando
nela. O Ver. Aldacir Oliboni que lida com essas comunidades, sabe que estão aí
há 20, 30 anos! Se fosse uma área privada, que estivesse em litígio... Mas o Estado
tem instrumentos hoje. E aqui estão, o Fórum apanha muito bem: todos os
instrumentos legais que permitem ao Estado passar o uso da terra, a quem de
direito, sem cometer nenhum crime, sem beneficiar ninguém, quer dizer, tem
instrumentos, tem regras e vai possibilitar, por exemplo, que aquelas
comunidades extremamente carentes acessem o programa Minha Casa, Minha Vida.
O
Ver. Toni Proença me disse: “Diga que está na hora de ousarmos”. Ver. Toni, não
é nenhum problema de recurso para comprar terra. A terra existe, a terra é
pública e os entes, o Estado principalmente, não põe em prática os instrumentos
que estão à mão para realizarem essa regularização.
É
muito importante consagrarmos isso no Plano Diretor, porque nós precisamos de
um protagonismo na cidade de Porto Alegre. A gente tem falado aqui sobre as
ilhas, e nós temos a APA, mas a APA não deslinda, não regulariza as áreas em
que já dá para conceder os lotes, regularizar os lotes; as ilhas gostariam de
participar do Minha Casa, Minha Vida. Eu não acho que não tenha a ver com Porto
Alegre, porque, afinal, as várias ilhas estão afins a Porto Alegre; o
Prefeito de Porto Alegre tem que se importar com isso. Os instrumentos estão aí
para garantir um direito, para garantir essa função social da terra e nós precisamos
que eles tenham validade e tenham desburocratização.
Há
vários outros instrumentos importantes aqui, que a gente tem disputado e há
Emendas que vamos disputar, que todo o recurso do Solo Criado tem que ser
direcionado para habitação social, tem que priorizar isso para quem não tem
condições de comprar a sua moradia. Isso é construir uma sociedade democrática
de fato e mais igual. Então, parabéns ao Fórum; eu tenho certeza que nós
votaremos todos nesta Emenda e daremos belas notícias para a cidade de Porto
Alegre. Obrigada. (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação nominal, solicitada pelos Vereadores Valter Nagelstein e Nilo Santos, a
Emenda nº 012, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) Dezoito votos SIM e 09 votos NÃO. REJEITADA.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Aprovada,
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Precisa
maioria absoluta de votos para aprovar a Emenda.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Presidente,
solicito a renovação de votação.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
renovação de votação tem procedimento na próxima Sessão.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Vou
solicitar por escrito.
O
SR. ELIAS VIDAL: Presidente...
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Está
encerrada a votação. V. Exª pode registrar sua intenção de ter votado.
O
SR. ELIAS VIDAL: Meu
voto é não, Presidente.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, para haver renovação de votação, tem que ter uma diferença mínima
para poder justificá-la. O entendimento da Comissão parece que é entre votos
“sim” e votos “não”, e não entre o quórum necessário.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Nós
enfrentaremos esta matéria no momento oportuno em que formos instados sobre
ela.
Em
votação a Emenda nº 18, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. DIRETOR LEGISLATIVO (Luiz Afonso de Melo Peres): (Procede à leitura da Emenda.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. João Pancinha está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
18, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. JOÃO PANCINHA: Sr. Presidente,
Sebastião Melo; Vereadores e Vereadoras, público que nos assiste nas galerias, Fórum de
Entidades, telespectadores do Canal 16 e Rádio Web, em primeiro lugar, quero
salientar, mais uma vez, a importância do trabalho desenvolvido ao longo do
ano, que eu vim a conhecer este ano, do Fórum de Entidades. Eu tive a
satisfação, junto com o Ver. Toni Proença e o Ver. Comassetto, de participar
das reuniões do Fórum, como mediador, sem nenhuma interferência de condução,
mas como mediador. E tenho falado, sempre que possível, da importância da
participação popular e da participação do Fórum de Entidades, sem nenhum
compromisso - e aqui eu digo na frente do Fórum de Entidades - de defender a
ideia, posteriormente, mas de reconhecer o trabalho que foi feito, porque é da
democracia sermos a favor ou sermos contrários a determinada ideia. Também
quero ressaltar a importância do trabalho desenvolvido pelo Fórum de Entidades,
que produziu Emendas excelentes e que se dedicou com afinco ao estudo do Plano
Diretor de Porto Alegre.
Então, nesse sentido, trago meus cumprimentos e o
agradecimento pelo trabalho executado até este momento, que não deve parar,
deve continuar. É a minha sugestão, inclusive, que o Fórum seja permanente.
Mas esta Emenda - Emenda nº 18 do Fórum - vem
justamente ao encontro da preservação do meio ambiente, com relação às pessoas
que têm que, por um motivo ou outro, se deslocar de comunidade; ela visa a
agregar estratégia à qualificação ambiental. Ela é bem simples; agrega o inciso
VII - Programa de Reciclagem de Resíduos Sólidos que integrem ações de
regularização fundiária, habitação e geração de renda. Pessoas que, em
determinado local vivem, catadores, por exemplo, que vão para uma outra região
- Ver. Haroldo -, precisam ter um incentivo para o incremento da sua renda e
continuar fazendo o trabalho que eles fazem como a reciclagem do lixo, por
exemplo, pois é menos lixo que teremos, Ver. Tarcisio, nas ruas e é menos lixo
que teremos nas comunidades.
Então, é importante que esse inciso seja incluído
no art. 18 justamente por isto, para que possibilite uma diminuição do lixo ou
até mesmo que evite o aumento do lixo, e nós possamos incrementar a renda dessa
população através da reciclagem. E isso se daria, Vereadores e Vereadoras, nas
ações de regularização fundiária, de habitação e, principalmente, na geração de
renda, valorizando justamente os catadores e criando condições para agregação
de valor para essas pessoas.
Então, eu acredito que esta Emenda é extremamente
importante para que a nossa comunidade continue exercendo o seu trabalho,
continue trazendo este trabalho social extremamente importante, que é a
reciclagem do lixo.
Então, eu defendo esta Emenda - e o faço como
proponente, como um dos Vereadores que conduziram o Fórum de Entidades - e
solicito aos demais Vereadores que atentem bem para esta Emenda, de nº 18,
elaborada e enviada pelo Fórum de Entidades e que possibilitem a sua aprovação.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Carlos
Todeschini está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 18,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Venho aqui
apresentar, em nome da nossa Bancada do PT, da nossa Líder Maria Celeste
também, a posição do Partido dos Trabalhadores, que é na mesma direção, também,
do que falou aqui o Vereador que me antecedeu, o Ver. João Pancinha, porque nós
temos de pensar no futuro, na cidade sustentável, onde as questões da
mobilidade urbana, as questões do verde e as questões da reciclagem dos
resíduos tenham um papel chave. E, por isso, é apropriada esta Emenda; ela vem
no sentido da construção da cidade mais sustentável, da cidade ambientalmente
correta.
Então, quando está se pensando um planejamento que
tenha interface com a habitação, é fundamental que a geração de renda, que as
atividades, os cuidados com o meio ambiente e o reaproveitamento, a reciclagem
dos resíduos estejam integrados numa estratégia de desenvolvimento.
Vamos
ter, logo mais, em Copenhague, a Conferência Mundial do Clima, que está
diretamente ligada à questão do menor gasto de energia, do reaproveitamento dos
materiais, da reciclagem, do reuso, de todas as questões que pensem na
conservação dos meios, tudo redundando no menor gasto energético, no menor
consumo de carbono, em especial o carbono fóssil. Esta Emenda, ainda que
singela, aponta na direção de gerar renda, de gerar empregos, de aproveitar,
através do reuso dos materiais, pela reciclagem dos resíduos, um valor muito
significativo tanto economicamente quanto - mais importante e fundamental ainda
- ambientalmente. E isso é facilitado quando as atividades de reciclagem estão
previstas.
Nós
temos, em Porto Alegre, talvez, a produção de um milhão, um milhão e duzentos
mil quilos de resíduos por dia. A reciclagem vem acontecendo em patamares de
200, 300 mil quilos/ano, ou seja, 200, 300 toneladas/ano. É importante, mas eu
creio que o esforço deve ser em conjunto para que isso aumente, porque
aumentando a reciclagem, nós vamos ter mais renda gerada, mais preservação do meio
ambiente, menos combustível fóssil sendo usado, portanto menos petróleo. Nós
vamos ter menos árvores abatidas, portanto mais sequestro de carbono. Nós vamos
ter um conjunto de vantagens. Reciclando mais, vamos diminuir o transporte e o
aterramento de resíduos, que hoje é muito grande, porque os espaços para os
aterros sanitários são cada vez mais restritos e mais complexos.
Mas
o que está previsto na Emenda? Prever espaços, prever a disponibilização, a
localização de áreas e das atividades onde esteja prevista a reciclagem, e a
atividade dos recicladores em todas as regiões onde se pense em colocar habitações. Então, é muito feliz esta Emenda do Fórum, ela
merece ser aprovada pelo sentido humanitário, ambiental e inclusivo que
representa, principalmente valorizando a ação dos catadores e criando condições
que agreguem valor ao produto e ao trabalho.
Então,
nós pedimos aos Vereadores e Vereadoras o apoio a esta Emenda. Muito obrigado
pela atenção.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 11,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
O SR. PEDRO RUAS: Caro Presidente, Sebastião Melo,
Vereadoras e Vereadores, o que nos traz à tribuna, neste momento, por óbvio, é
o encaminhamento favorável a esta Emenda e uma inconformidade com a
justificativa para a sua não aprovação anterior. É importante deixar claro aos
Vereadores e Vereadoras que este tema é, sim, matéria para o Plano Diretor. A
justificativa para a não aprovação anterior da Emenda era justamente a de que
não seria matéria do Plano Diretor, mas esse é um equívoco de interpretação
que, na verdade, desmerece a inteligência mediana de quem se detém a analisar o
que é um Plano Diretor de uma cidade e de quem se detém a analisar até mesmo
aqueles Planos Diretores anteriores, seja o que está em vigor, como o de 1999,
seja o de 1979 ou o de 1959, que, obviamente, têm não na questão da reciclagem
o seu eixo, mas tem uma estratégia - claro que, conforme avança o ano, essa
estratégia é mais sofisticada - de preservação ambiental, Ver. Luciano
Marcantônio, e de regularização fundiária. Esses dois temas associados - e cada
vez mais associados - justificam plenamente esta Emenda. O que ela pretende?
Ela pretende que na regularização fundiária, que obviamente inclui a questão
habitacional, até mesmo está sobrando aqui a expressão “habitação”, porque está
dentro do conceito geral da regularização fundiária, a reciclagem dos resíduos
sólidos e a valorização dos catadores desses resíduos, de forma a agregar valor
ao seu trabalho. Mas é evidente, Vereadores e Vereadoras, que a regularização
fundiária, estando no Plano Diretor como está, não pode prescindir de um olhar
atento para os recicladores de resíduos sólidos, na mesma linha, Ver. Paulinho
Ruben Berta, que nós ouvimos aqui, e praticamente todos os Partidos se
manifestaram recentemente, quando associações de catadores e recicladores
estiveram conosco, e falaram aqui, Ver. Brasinha, sobre agregar valor ao
trabalho da reciclagem, e todos os Partidos, todas as Bancadas representadas
nesta Casa se manifestaram no sentido de apoiar essa iniciativa.
Pois bem, essa é a maneira
concreta, e este é o momento oportuno. A iniciativa do Fórum de Entidades nos
proporciona essa oportunidade, porque nós queremos, sim, que, em cada momento
de debate de projetos sobre regularização fundiária haja esse olhar atento,
essa responsabilidade, essa forma de preservar o meio ambiente, que é dar
atenção à reciclagem dos resíduos sólidos, agregar valor ao produto do trabalho
dos catadores e recicladores, conseguir, ao mesmo tempo - o que é nossa
obrigação, a obrigação dos agente públicos em geral -, valorizar socialmente
aquele que busca, com essa atividade, a sua sobrevivência, e, no mesmo momento,
na mesma atividade, no mesmo instante, a preservação ambiental.
Então,
essa Emenda busca exatamente isto dentro do Projeto: a valorização do trabalho
que gera a sobrevivência do reciclador, do catador do resíduo sólido, e a
preservação do meio ambiente. Nós teremos, muitas vezes, a situação da
regularização fundiária, com esse olhar atento, com essa responsabilidade, com
esse entendimento de que isso não só é Plano Diretor, como vai além do Plano
Diretor, mas o inclui. E nós devemos, neste momento, aprovar, com um mínimo de
19 votos, esta Emenda, para que ela efetivamente faça parte do nosso Projeto do
Plano Diretor. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Em votação a Emenda nº 18, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA pela
unanimidade dos presentes. (Palmas.)
Solicito
ao Diretor Legislativo, Sr. Luiz Afonso, que faça a leitura da Emenda nº 28, de
autoria do Fórum das Entidades, que foi rejeitada, e destacada pelo Ver. Toni
Proença.
(O
Sr. Diretor Legislativo procede à leitura da Emenda.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Em votação a Emenda nº 28, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.)
O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda
nº 28, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
esta é mais uma Emenda produzida pelo Fórum das Entidades, que tem como sentido
a questão do Estudo de Impacto de Vizinhança, a questão da garantia da insolação, da garantia dos afastamentos, da
garantia da permeabilidade do solo, e por isso fala no solstício, nos dois, por
isso fala na questão da prevenção dos alagamentos, a partir da garantia das
áreas permeáveis, por isso fala do conjunto de elementos que podem impactar a
vizinhança. E quem não sabe, quem não ouviu falar e quem não foi procurado
pelos moradores de Porto Alegre, dizendo: “Ao lado da minha casa construíram um
edifício e perdi o sol, estou com a casa úmida, que não seca mais, perdi todo o
ambiente de visão, perdi as áreas verdes e tudo mais...”?
Então, o Fórum, com certeza, apresenta uma Emenda
que é das mais importantes que serão votadas aqui no Plano Diretor, porque é um
resguardo e uma garantia de manutenção do mínimo de qualidade de vida para as
pessoas que estão habitando há muitos e muitos anos os nossos bairros, que
construíram a nossa Cidade, que querem preservar a beleza e o ambiente que está
representado nas edificações. Por isso, de forma técnica e inteligente, é
apresentada esta Emenda para fazer com que esses elementos, que são de muito
impacto de vizinhança, tenham uma garantia para a preservação da qualidade de
vida. É isto que está em questão.
Fui procurado também, várias vezes, por pessoas, por
personalidades importantes, aqui: “Façam alguma coisa na Câmara para impedir o
avanço da fúria imobiliária”. Parece que o dinheiro compra tudo... Oferecem 500
mil, um milhão, dois milhões, três milhões, quatro milhões pela casa, são
propostas irrecusáveis, e assim vão construindo, ocupando todo o território sem
os cuidados com o Impacto de Vizinhança. Essas pessoas me procuraram com grande
preocupação, porque elas estão morando e querem preservar o ambiente que
escolheram para morar há muitos anos, há muitas décadas, e esta Emenda aponta
para a garantia desses elementos
necessários para preservar a qualidade de vida, o ambiente, o verde, a
permeabilidade, a adequada insolação, a circulação dos ventos, o visual.
Esta
Emenda é, com certeza, uma das mais importantes, porque ela visa a preservar
uma Cidade com ambientes diferenciados, com a qualidade de vida que foi
escolhida por quem lá optou por ter uma casa. Que haja edificações, que haja
verticalização, ninguém é contra isto, mas que haja, sobretudo, respeito à
vontade das pessoas que escolheram e optaram por ter qualidade de vida, pois
nem tudo pode ser negócio, nem tudo o dinheiro pode comprar, que o ambiente
seja respeitado.
Estão aí as catástrofes
permanentes, as enchentes, os temporais dados pelo aquecimento global, dados
por uma Cidade que depende cada vez mais de energia, que depende cada vez mais
dos automóveis e dos congestionamentos. E, aí, nós estamos a assistir todos os
dias a consequência e a decadência da qualidade de vida. Por isso esta Emenda
tem que ser aprovada para a boa continuidade de uma Porto Alegre melhor.
Obrigado pela atenção. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Sebastião Melo): A Verª
Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
28, destacada, ao PLCE nº 008/07.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, colegas Vereadores e
Vereadoras, pessoal do movimento público que está aqui acompanhando firmemente
as votações, vou seguir um pouco a linha do Ver. Carlos Todeschini, porque acho
que ele pegou o cerne da questão ao defender a necessidade do Estudo de Impacto
de Vizinhança.
Na
verdade, a proposta do Governo, no art. 49, aumenta - peço a atenção dos
Vereadores da base do Governo, pois nós estamos votando uma coisa muito séria,
e acho que temos que entender este procedimento - em cinco os instrumentos
urbanísticos de intervenção no solo para o cumprimento da função social da
propriedade, já definida na Constituição Federal, e, na proposta do
próprio Executivo, estão incluídos cinco instrumentos. Um deles é o
Estudo de Impacto de Vizinhança. Só que a Prefeitura não avança ao
criar um conceito para o Estudo de Impacto de Vizinhança assim como para a
Operação Urbana Consorciada. Para a Operação Urbana Consorciada foi feita a
votação, em separado, de um Projeto sobre o tema, mas o Estudo de Impacto de
Vizinhança não tem a descrição desse conceito.
Então,
a Emenda proposta pelo Fórum vem no sentido de criar um novo artigo, garantindo
essa descrição. Quando da descrição do que seria o Estudo de Impacto de
Vizinhança, nós temos que ter duas questões fundamentais que garantem a
importância da Emenda e da aprovação dela no Plano Diretor. A primeira é a
possibilidade de garantir a qualidade de vida da população de Porto Alegre, ao
criar um estatuto que coloca que o licenciamento de projetos de edificação
depende desta comprovação: que não impacte, que não prejudique, que não acabe
com o sol do vizinho, por exemplo. Parece pouca coisa, ou parece que não é
real, mas quando estamos debatendo a construção de novas edificações, nós
estamos debatendo a possibilidade de incidência solar no vizinho ou não, nós
estamos debatendo a ventilação de determinada região da Cidade e da comunidade
do entorno, nós estamos debatendo a arborização, toda a rede de esgoto pluvial
e cloacal que tenha a ver com a garantia da construção de novos prédios.
Então,
a Emenda vem no sentido de assegurar que existe, em primeiro lugar, a
democracia. Há uma garantia, no § 1º da Emenda do Fórum, de participação e
manifestação da comunidade sobre os novos projetos de licenciamento. Isso não é
qualquer coisa, porque é parte de uma concepção, de uma cidade participativa,
de uma cidade onde haja democracia, de uma cidade onde a população defina sobre
o seu bairro, porque parte da premissa de que a Prefeitura não pode mudar sem
ter a consulta daqueles que vão sofrer o impacto; e serão todos! E não estamos
falando só para novas construções, porque nenhum bairro nasce do nada, os
bairros já existem, e os prédios vão se alocando, e vai havendo um crescimento
da Cidade. Mas o crescimento tem que ser ordenado, planejado, tem que ser no
sentido de garantir a qualidade de vida da população de Porto Alegre, no
sentido de garantir que haja incidência de sol, de ventilação, que haja
árvores, que haja aquilo que transforma a vida de cada um de nós para melhor.
E, para concluir, a Emenda
coloca a necessidade da simulação dos efeitos da edificação nova, desses
projetos de licenciamento, sobre a paisagem nas quadras vizinhas e o
sombreamento no solstício de inverno e verão.
E
queria dar um exemplo do espigão lá da Rua Lima e Silva. O pessoal do
Movimento, que felizmente luta para que na Cidade Baixa não tenha um espigão
num lugar indevido, pois até já foi derrubada uma árvore histórica, patrimônio
da Cidade - quero lamentar que foi derrubada a árvore - está fazendo o que a
Prefeitura deveria fazer: uma projeção do solstício de inverno e verão, se
houvesse o espigão. E conto para vocês: não haveria sol a partir das 15h. E
tenho certeza de que todo mundo quer sol no seu apartamento, quer sol no seu
pátio, quer sol no pátio do vizinho, quer árvore, quer ventilação, quer qualidade
de vida.
Então,
por favor, vamos aprovar esta Emenda para garantir que toda a população tenha o
direito de estudar o Impacto de Vizinhança e garantir qualidade de vida para
todos. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Beto Moesch está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 28,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. BETO MOESCH: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, nós estamos revisando
um Plano Diretor que é de 1999, e que, portanto, foi aprovado antes do Estatuto
da Cidade, que é de julho de 2001, e também antes da aprovação do Código
Estadual do Meio Ambiente, que é de 2000. Por que eu estou colocando isso? O
Código Estadual do Meio Ambiente, Lei Estadual nº 11.520, diz que os empreendimentos
devem respeitar a iluminação natural e a ventilação natural, Ver. Dr. Raul, mas
prevê, quando solicitado por no mínimo 50 pessoas ou por associação, Audiência
Pública para discutir a licença ambiental daquele respectivo empreendimento. Só
para pincelar alguns instrumentos, Ver. Pancinha, do Código Estadual do Meio
Ambiente, que é de 2000, portanto, posterior ao atual Plano Diretor, que é de
1999; o Estatuto da Cidade vai mais adiante, porque prevê o Estudo de Impacto
de Vizinhança - até então tínhamos o EIA-RIMA para grandes empreendimentos,
para empreendimentos, Ver. Nedel, de significativo impacto ambiental, como
hidrelétricas, como uma perimetral, para loteamentos com mais de 100 hectares,
enfim.
Então, o Estatuto da
Cidade, com a participação de vários técnicos da Prefeitura de Porto Alegre,
passa a prever o Estudo de Impacto de Vizinhança, que é justamente um
instrumento para empreendimentos de menor impacto, o estudo do impacto no
quarteirão, para que as pessoas, Ver. Tarciso, não sejam mais pegas de
surpresa, para que elas tenham o direito básico, sagrado e constitucional da
prévia informação, da prévia publicidade e da participação da sociedade no
processo decisório. É isso: nada mais do que se analisar os impactos daquele
empreendimento, de um edifício, por exemplo. E como é um Impacto de Vizinhança,
o próprio Estatuto da Cidade, o Código Estadual do Meio Ambiente e a Lei
Municipal do Licenciamento Ambiental, que é de 1999 também, preveem que, entre
os impactos a serem considerados e analisados está o impacto da penetração do
sol, da circulação do ar e outros itens, que são por demais caros e sagrados
para os moradores daquele bairro e daquele quarteirão.
E,
lamentavelmente, embora, Ver. Valter Nagelstein - tenho insistido e falado muito,
não só aqui na tribuna, mas em vários locais -, o Projeto de Lei do Governo
avance, e muito, em relação à atual Lei do Plano Diretor, no que diz respeito
ao Estudo de Impacto de Vizinhança, ele deixa muito a desejar nesse caso
específico.
E
o Fórum de Entidades - mais uma vez, o Fórum colaborando conosco - propõe,
embora ainda não de forma suficiente e completa, diretrizes para o Estudo de
Impacto de Vizinhança. E deverá haver, de qualquer maneira, uma lei específica
para esse Estudo de Impacto de Vizinhança. Mas já é um início, já é um avanço,
e já é uma diretriz para que possamos, em seguida, elaborar e votar uma lei
específica para o Estudo de Impacto de Vizinhança.
Uma
cidade com o histórico de Porto Alegre, precursora, não pode, jamais, deixar de
iniciar, na revisão do Plano Diretor, um instrumento por demais importante e
fundamental, que é o Estudo de Impacto de Vizinhança.
Portanto,
sim, votarei favorável a esta Emenda. Parabéns ao Fórum, mais uma vez!
Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda
nº 28, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu já disse
anteriormente, que, em princípio, a nossa posição com relação a essas Emendas
que foram rejeitadas na Comissão é a de acompanhar o voto que demos durante os
debates amplos que lá ocorreram.
Não
fugimos à regra neste particular, Ver. Valter, porque, na Comissão, esta Emenda
não foi aprovada com fundamento no Relatório que nós oferecemos na Comissão
Temática, da nossa responsabilidade, dizendo, em síntese, que a Emenda propõe o
engessamento de qualquer nova construção.
A
preocupação com o impacto ao meio ambiente e com a vizinhança está regrada de
maneira mais clara e objetiva na proposta do Projeto de Lei quanto à parte
três, Plano Regulador.
De
fato, nós verificamos que algumas situações, Ver. Brasinha, são até
surpreendentes, quando se estabelece no parágrafo 1º que a forma de comprovação
exigida no caput desse artigo será estabelecida pelos órgãos municipais
pertinentes, visando à boa tramitação dos processos, sem prejuízo da
participação e manifestação da respectiva comunidade do entorno. É mais uma
abertura para portarias, decretos, que, a meu juízo, engessarão por inteiro e
terminarão completamente com a possibilidade de se construir na cidade de Porto
Alegre.
Eu
quero dizer muito claramente o seguinte: eu divirjo daqueles que querem impedir
que se construa em Porto Alegre: eu quero que se construa em Porto Alegre,
quero que se assegure, inclusive, a possibilidade de as pessoas poderem morar
em bons prédios, bem construídos, etc. e tal. Há regras para que isso ocorra? A
função social da propriedade determina que haja algumas regras? Determina. Mas
não pode ser um exagero. Aqui nós estamos, respeitadas as opiniões em
contrário, indo para o exagero, e aprovar esta Emenda é promover um
engessamento geral e impossibilitar, na prática, a realização de novas
construções na cidade de Porto Alegre. Quem quer que não se construa mais em
Porto Alegre pode votar a favor. Agora, quem é como eu, que defendo que as
construções têm que ser feitas dentro de regras, dentro de leis, de forma a
contribuir para o desenvolvimento da Cidade - porque a Cidade precisa de
construções, precisa de prédios, onde as atividades se desenvolvam, onde as
pessoas morem, onde as pessoas residem, onde as pessoas trabalhem -, quem
entender junto comigo tem que votar pela manutenção daquilo que a Comissão já decidiu,
isto é, tem que rejeitar esta Emenda, porque ela simplesmente inviabiliza toda
a possibilidade de novas construções na cidade de Porto Alegre. Era isso, Sr.
Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
28, destacada, ao PLCE nº 008/07.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, falo pelo EIV - Estudo de Impacto de Vizinhança -
não só para cumprir tabela. Ver. Pujol, a pergunta é a seguinte: por que uns
tem mais direito ao sol do que os outros? Esta que é a questão central de Porto
Alegre. Há os que podem mais e os que não podem nesta Cidade. É inaceitável que
a gente tape os olhos para que o está acontecendo na cidade de Porto Alegre.
Aqui, na Rua Gen. Lima e Silva, está sendo construído um espigão - que nem
chamaríamos de espigão numa Cidade alta -, que é só de dezenove andares. Só que
é do lado de uma série de casas geminadas, que só têm porta para rua de um lado
e um patiozinho nos fundos, não têm janela nas laterais. E ao fundo, Ver. Braz,
vai subir um espigão de dezenove andares, com uma profundidade, sei lá, de 80
metros, não sei quantos metros; ou seja, é um paredão. E o que diz aqui? Que a
simulação de efeito da edificação em computador mostra uma enorme de uma
sombra, que uma série de apartamentos não terão sol - de um dos edifícios
baixos que ficam sombreados por este espigão - o dia inteiro, Ver. Dr. Raul! Em
nenhum momento do dia; em nenhum momento do dia! Quem é que defende o direito
desses cidadãos e dessas cidadãs? Se nós não tivermos um instrumento para que
eles digam, para que seja verificado o enorme prejuízo na saúde, na qualidade
de vida, nas condições psicológicas inclusive - porque ninguém é feliz se não
toma sol, ninguém é feliz! E se a casa é mofada, ninguém é feliz! Eu quero
falar isso: acordem, Vereadores: Porto Alegre está cheio disso! E resta só,
para as pessoas se mudarem, porque não tem choro nem vela; sobe edifício do
lado da casa e acaba com o sol, com ventilação, com tudo!
Perto
da minha casa, quando eu estou indo para minha casa, vejo um edifício onde
aparecem as pequenas áreas de serviço, bem pequeninas as áreas de serviço,
cheinhas de roupas, e ao lado está subindo um outro edifício, que vai tapar
todo o sol para secar a roupa daquelas famílias todas.
Então,
não dá gente! Não dá! Nós estamos tratando de Plano Diretor, nós temos que
pensar no que está mais grave, são várias coisas, mas, isso está muito grave. E
é um direito subjetivo que está sendo ofendido, que está sendo desrespeitado e
não tem o que fazer. Eu digo por que não tem o que fazer: faz um ano, Verª
Fernanda, que os moradores da Rua Gen. Lima e Silva, que os moradores da Cidade
Baixa buscam todos os instrumentos - Ministério Público, Secretaria do
Planejamento, Justiça, agora está na Justiça - porque querem ter direito à sua
casa; vai desvalorizar brutalmente, pois não terão sol, não terão qualidade de
vida, terão que ir embora. E aí tu dizes: “Vai embora, porque azar é teu! Tu
tiveste o azar de morar do lado dos terrenos que o empreendedor comprou, e,
deu; suba-se o edifício!” Não dá! Não dá!
Ver.
Valter, nós temos que ter alguma regulação para evitar isso. Tem que ser
regulado isso. Isso não tem, na minha opinião, como prosperar, e o Estudo
Prévio de Impacto de Vizinhança é para isto, é um instrumento que o Estatuto
criou, e o Município de Porto Alegre nos diz: “Não podemos aplicar, porque não
está regulamentado!” O Ministério Público, Ver. Beto, diz: “Nós não podemos
exigir o Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança, porque nós não...” Como é que
o Ministério Público vai estabelecer o critério? Quem tem que estabelecer é
este Legislativo! Nós temos que dizer que quando alguém é lesado por uma
construção, ele tem que ter onde recorrer. O Governo tem que verificar se o
cidadão, que tem o mesmo direito do cidadão que vai morar do lado, está sendo
prejudicado ou não. Isso é muito sério! É muito sério! Não é balela.
Nós
tínhamos, Ver. Pujol, aprovado, na Comissão, a Emenda nº 58, do Ver. Comassetto,
também; e eu estranho que a Emenda nº 58, que prevê o Estudo Prévio de Impacto
de Vizinhança, está destacada pelo Ver. Pujol e por mais um Vereador. Portanto,
há uma intenção, nesta Casa, de derrubar qualquer previsão de Estudo de Impacto
de Vizinhança. (Palmas.) Isso tem que ser denunciado! Tem uma vontade de não
ter nenhuma verificação de impacto de vizinhança (Palmas.) Não dá, Ver. Nedel!
Não dá! Porque nós vamos ter que responder para a cidade de Porto Alegre. Antes
não tinha Plano Diretor, agora está terminando a revisão do Plano Diretor. Nós
temos que escrever, sim, e regulamentar depois, porque chega de o cidadão se
achar impotente nesta Cidade, porque não tem ninguém que garanta os seus
direitos. (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda
nº 28, destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
eu parto do pressuposto de que concordo com a fala da Verª Sofia Cavedon. Eu
acho que todos, sim, têm direito ao sol. Não tenho a menor duvida disso. E
mais: quando a Verª Sofia pergunta por que uns podem mais que os outros, o pano
de fundo desse raciocínio é exatamente a visão - cada um de nós aqui na sua
fala, no seu comportamento expressa a sua crença ideológica. É a matriz desse
pensamento que se expressa de forma cristalina na fala da Vereadora que
pergunta: “Por que uns podem mais do que os outros?” Essa pergunta todos nós,
que somos regidos por um sentimento de justiça, em algum momento nos colocamos,
nos fazemos. Obviamente que cada qual encontra caminhos diferentes para
responder a esse anseio que eu diria que parte lá do fundo da alma, do espírito
do ser humano. A diferença que me pauta da Vereadora, com todo respeito, é que
quando eu também me ponho, lá no meu mais íntimo, essa pergunta - por que
alguns podem mais do que os outros? -, eu não respondo a essa pergunta dizendo:
“Bom, já que uns não podem; os outros também não podem!” Eu não o faço!
(Manifestação
nas galerias.)
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: Por
favor, os amigos que são democratas permitam-me que eu expresse meu raciocínio
ou será... A senhora não é democrata? Eu estou vendo que a senhora não é
democrata! A senhora é uma autoritária, pelo que vejo. Então, por favor, aqui
não é o lugar de pessoas autoritárias! A senhora está na casa errada; esta é a
Casa da democracia, é a Casa do povo!
Sr.
Presidente, eu pretendo concluir o meu raciocínio. Eu acredito que todos têm de
ter o direito. Mas esta Emenda... E aí há um equivoco de V. Exas,
como já apontou o Ver. Reginaldo Pujol anteriormente, porque a nossa visão não
é a nossa visão de que está aqui representada por poucas pessoas, porque nós
não passamos “a rodo” tudo. Há projetos que, se vocês fossem um pouco justos,
iriam aplaudir porque votamos a favor; e há projetos que, infelizmente, pela
nossa tarefa de governar, nós não podemos votar a favor, porque não estamos num
mundo idílico que nós vamos construir uma cidade que seja somente olhando para
um lado. Nós não temos um olho só! Deus não nos fez com um olho só! Deus nos
fez com dois olhos para que pudéssemos enxergar o mundo na sua pluralidade! E a
visão que o Governo busca expressar aqui neste trabalho é esse: há Emendas do
Fórum que são boas, nós aplaudimos e aprovamos; e há Emendas do Fórum que,
infelizmente, não podemos aplaudir. Mas isso não significa de que eu venha à
tribuna e necessite ouvir a reprimenda de V. Sas, como se eu não
tivesse direito à fala, porque o tenho! Tenho direito a esta fala e a expressar
as minhas opiniões. Eu não estou aqui, quero dizer, senhoras e senhores, para
representar os interesses do Fórum de Entidades. Eu não estou aqui para
representar os interesses do Vereador “a”, do Vereador “b”, do Vereador “c”.
Não estou aqui para representar tampouco os interesses, sejam eles econômicos,
sejam eles sociais. Não estou aqui para agradar o Ver. Haroldo, o Ver. Pujol, a
Verª Celeste. Eu estou aqui para expressar as minhas convicções, o meu
pensamento e para levar a cabo o mandato para o qual eu fui eleito.
O
Vereador que me antecedeu disse que o dinheiro pode tudo. É verdade, o dinheiro
até compra mandato! Tem Vereador que chegou aqui com um mandato comprado com
muito dinheiro. Então, de fato, o dinheiro pode tudo! Eu, graças a Deus, desse
pecado não padeço, porque me elegi - e a senhora certamente não conhece o meu
trabalho, porque ri, então, precisa se informar - trabalhando, entregando 70
mil jornais de mão em mão e sem dinheiro! Com uma Kombi para fazer campanha, e
está lá a minha declaração. E, graças a Deus, estou aqui de cara limpa, para
defender as ideias, mas defender bom-senso, defender linha mediana, e quero
dizer o seguinte: nós temos Emendas a favor, Sr. Presidente, que foram
produzidas, e nós temos algumas a que nós somos contrários. Eu, com dignidade,
com altivez, com clareza e com retidão, que, graças a Deus, tenho, tenho
obrigação de vir aqui para dizer isso. Esta Emenda, quisera eu, que
contemplasse, Ver. Ferronato, um Estudo de Impacto de Vizinhança, mas ela não
contempla isso. Se ela contemplasse um Estudo de Impacto de Vizinhança,
certamente a nossa orientação seria pela aprovação. Eu compreendo que existem
bairros da Cidade - é esse o espírito do Governo, e, se reconhecessem isso,
aplaudiriam - que estão ali naquele mapa, que buscam guardar as edificações
maiores de 72 metros nas margens das avenidas e até 90 metros para dentro e
preservar o miolo dos bairros, garantir 20% de área livre permeável. Esta é a
ideia que nós estamos defendendo; garantir a orla do rio, há pouco votamos
favoravelmente a isso. Agora, nenhum radicalismo contribui para nada!
Então,
Sr. Presidente, eu quero dizer que nós temos liberdade e autonomia, mas que
esta Emenda, infelizmente, como disseram alguns Vereadores, não representa
Estudo de Impacto de Vizinhança, ela engessa por demais, e nenhum radicalismo é
possível. Nós não podemos permitir uma Emenda que agora determine até que nós
tenhamos, me parece, um astrônomo, porque fica condicionada ao solstício.
Então, nós não podemos descer a esse detalhamento e vai ter Emendas do Fórum
que nós vamos aplaudir, nós vamos aprovar, inobstante o desagrado de muitos,
mas vai ter Emendas do Fórum que, infelizmente, nós vamos dizer: olha, meus
amigos, essa não dá, por favor, vamos ter um pouquinho de bom-senso e vamos
tentar caminhar para aquela cidade que todos nós queremos construir. Muito
obrigado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação nominal, solicitada pelo Ver. João Carlos Nedel, a Emenda nº 28,
destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADA
por 13 votos SIM e 16 votos NÃO.
Solicito
a leitura da Emenda nº 59, de autoria do Ver. Engenheiro Comassetto, destacada
pela Verª Maria Celeste, ao PLCE nº 008/07.
(O
Sr. Diretor Legislativo procede à leitura da Emenda.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação a Emenda nº 59, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) O Ver. Engenheiro
Comassetto está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 59,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
O
SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; colegas Vereadoras e Vereadores, senhoras e
senhores representantes aqui das comunidades, ONGs, Fórum de Entidades, todos
aqueles que têm acompanhado, contribuído e debatido este processo bastante
lento e diversificado de revisão do Plano Diretor. A participação dos senhores
e das senhoras neste processo se dá justamente sob o ponto de vista de um
conceito do planejamento urbano que está inserido neste capítulo que é o
Sistema Municipal da Gestão de Planejamento. Quem compõe este Sistema? Não é
somente o Conselho do Plano Diretor. O Conselho do Plano Diretor é uma
representação, mas este sistema é composto pela estrutura pública das três
esferas - Município, Estado e União -, pelo Conselho da Gestão do Planejamento,
e estamos, nesta Emenda, incluindo os Fóruns Regionais de Planejamento, para
que eles sejam parte deste Sistema, e também os outros Conselhos afins ao tema
do desenvolvimento urbano, porque a resolução nacional que está construindo uma
política de desenvolvimento urbano preconiza que todos os Municípios tenham o
Conselho Nacional das Cidades ou seus similares. Até discutirmos o Conselho
Nacional das Cidades, moldarmos, elaborarmos, verificarmos como ele poderá se
constituir, qual é o diálogo que o Sistema da Gestão de Planejamento tem com o
Conselho Municipal de Transporte Urbano, por exemplo? O Conselho Municipal de
Transporte Urbano tem que discutir política da mobilidade urbana; o Conselho
Municipal da Habitação e Acesso à Terra, o COMATHAB, que discute o tema da
habitação, tem que fazer parte deste Sistema da Gestão de Planejamento.
Portanto, a nossa Emenda vem a qualificar o sistema, dando oportunidade para os Conselhos
já existentes historicamente, que têm afinidade com os temas do planejamento,
do desenvolvimento e das estratégias. Se pegarmos todas as estratégias, na
Estratégia de Mobilidade Urbana há o Conselho de Mobilidade Urbana; na
Estratégia da Qualificação Ambiental há o Conselho Municipal do Meio Ambiente.
Por que esses Conselhos não estão participando do Sistema de Gestão do
Planejamento da Cidade? Os Fóruns Regionais de Planejamento, que se reúnem
semanalmente nas comunidades ou nas oito Regiões de planejamento são
instrumentos organizados e representam o princípio do planejamento
participativo, em conjunto com o Executivo Municipal, com a Secretaria de
Planejamento. Então, se o conceito do planejamento participativo é a integração
dos saberes técnicos com os saberes populares, isso tem que ser finalizado no
sistema municipal da gestão de planejamento.
Portanto, colegas
Vereadores, nós estaremos aqui enriquecendo esse sistema municipal da gestão do
planejamento, incluindo os Fóruns regionais do planejamento e os demais
Conselhos afins, que tratam do planejamento urbano, mesmo sendo temas
setoriais, como transporte, meio ambiente, habitação, saneamento básico, e
devem fazer parte de uma compreensão única do desenvolvimento urbano
transversal, do desenvolvimento urbano integrado.
Portanto, nós estamos aqui calibrando um conceito
de participação e de transversalidade. Pedimos a aprovação da Emenda. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 59,
destacada, ao PLCE nº 008/07.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Com sua
paciência, Vereador-Presidente, se eu tivesse uma sinalização de que há uma
revisão na posição majoritária da Comissão, eu até não falaria. Mas eu queria
insistir na ideia do sistema - eu já fiz essa fala na Comissão -, porque para
nós o Sistema Municipal de Educação, por exemplo, não existe se a escola lá da
ponta não estiver dentro do Sistema. Nós votamos nesta Casa o Sistema Municipal
de Educação, que consta de todas as instâncias, vai da escola ao Conselho
Municipal, à Secretaria. O que o Ver. Comassetto está propondo é algo lógico, e
pertinente na democracia: os fóruns regionais não têm sentido de existir se o
que eles decidirem, o que eles discutirem não tiver implicações nas decisões do
Conselho, nas decisões da Secretaria; se não tiver circulação com os demais
Conselhos Temáticos, com o Conselho do OP. Esta foi sempre uma questão com a
qual nos debatemos na cidade de Porto Alegre. Não é possível criar instâncias
de participação e elas estarem fragmentadas, separadas e sem implicações.
Porque se lá na Tristeza se acumula uma concepção de cidade-jardim, de
desenvolvimento urbano, e essa concepção não é respeitada, não é incluída no
Sistema Municipal de Planejamento, nós fazemos de conta que fazemos Orçamento
Participativo na Cidade! Nós fazemos de conta que cumprimos os princípios da
Constituição, os princípios do Estatuto das Cidades, que são muito claros,
muito nítidos, devolvendo ao cidadão o seu direito à Cidade, a sua soberania em
relação à Cidade.
Eu fico muito triste aqui, eu não fiz demarcação no
Estudo de Impacto de Vizinhança. Nós temos de construir instrumentos nesta
Cidade que correspondam ao que é a marca desta Cidade no mundo, que é uma
Cidade que ousou na democracia e ela não é democrática nas questões urbanas -
não é! Porque a Cidade anda revoltada, indignada e se sentindo impotente, vê as
coisas acontecerem ao seu redor, não pode incidir, não consegue reagir e não
consegue evitar.
Nós temos de aprender com o que aconteceu na
consulta do Pontal do Estaleiro. Olha, uma consulta que não teve quase
propaganda institucional, não teve chamamento pesado na imprensa e deu uma
resposta linda: as pessoas se mobilizaram por Internet, por grupo de amigos, porque as pessoas estão ansiadas
por influenciar na cidade de Porto Alegre, elas veem que a Cidade está
densificada, que o trânsito está insuportável; veem o problema do meio ambiente; estão preocupadas com
o aquecimento global, porque não é à toa que essas catástrofes todas estão
acontecendo. Eu não sou conhecedora da área, mas qualquer um, olhando televisão
todo dia, vê aquelas enchentes, aquelas secas, aqueles terremotos, que nunca
aconteceram nessa quantidade. E a população de Porto Alegre - não se enganem -
está atenta a isso, está assustada e quer incidir sobre isso. Então, a
consulta, se chamar para perguntar, a Cidade vai falar.
Então,
nós temos que empoderar os nossos conselhos regionais, nós temos que empoderar
a representação popular, porque a sabedoria do povo é insubstituível. O povo
quando senta, quando reúne, quando discute política pública, faz a gente
acertar muito mais, porque é ele que está vivendo os problemas na porta da sua
casa, no ir e vir do trabalho, no ir e vir para fruir a cidade. Então, é isso
que faz, Ver. Comassetto - parabéns pela tua Emenda -, esse reconhecimento de que
a saberia do povo tem que estar produzindo política pública. Porque, de fato,
quem quer democratizar o uso da terra tem que valorizar os fóruns regionais e
reconhecer como sistema, e não lá um polo fragmentado, solto, no qual aquilo
que discutir não tem relevância e incidência sobre as políticas municipais.
(Não
revisado pela oradora.)
(O
Ver. Nelcir Tessaro assume a presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O
Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra.
O
SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr.
Presidente, Ver. Nelcir Tessaro, há poucos instantes ouvimos o Ver. Valter
Nagelstein, Líder do Governo, lançar suspeitas, da tribuna, de que alguns
Vereadores se elegeram com um caminhão de dinheiro. Gostaria de fazer o
Requerimento, pedindo que o Ver. Valter Nagelstein dê esclarecimentos e diga
quais foram os Vereadores que se elegeram com um caminhão de dinheiro.
O
SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Vereadores,
tragam assuntos atinentes à matéria, pois estamos encaminhando a votação.
O
SR. NILO SANTOS: Sobre o
Requerimento, Sr. Presidente, apenas para auxiliar e esclarecer, já tirando a
dúvida aqui, é que o Ver. Brasinha fez a campanha de caminhão e carregava
dinheiro dentro do caminhão. Foi isso que ele quis dizer!
O
SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Ver.
Nilo, vamos manter a ordem no encaminhamento da votação.
A
Verª Maria Celeste está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
59, destacada, ao PLCE nº 008/07.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, é importante o
Requerimento do Ver. Oliboni, porque nesta semana nós fomos colocados de uma
forma inadequada pelos veículos de comunicação, que desprezam, em algum
momento, a atividade parlamentar dos Vereadores desta Casa, e quando os
próprios Vereadores começam a levantar suspeitas sobre determinados temas, é
importante que sejam esclarecidos.
Mas
a Emenda nº 59, que motivou o nosso destaque, é extremamente compreensível,
clara e não dá para compreender, Ver. Brasinha, por que o Governo não quer esta
Emenda. Ela tem no seu parágrafo único a seguinte redação (Lê.): “Parágrafo
único. Integram o SMGP [Sistema Municipal] os órgãos da Administração Direta a
Indireta, os fóruns regionais de planejamento, o Conselho Municipal de
Desenvolvimento Urbano Ambiental e os demais Conselhos Municipais vinculados ao
desenvolvimento urbano ambiental”.
Nós
temos uma tradição nesta Cidade de muita participação popular, de muita decisão
pela participação popular. É assim nos fóruns de delgados do Orçamento
Participativo, no próprio Conselho do OP e tem sido assim também através dos
demais conselhos que representam a Cidade nas diversas áreas: Conselho
Municipal de Assistência Social, da Educação, da Criança e do Adolescente. Esta
Cidade tem uma história de participação popular referendada, reconhecida
mundialmente - não foi à toa que o primeiro Fórum Social Mundial aconteceu
nesta Cidade -, de intensiva participação dos porto-alegrenses em todos os
temas e debates da Cidade. Hoje, a gente verifica que o Prefeito viaja mundo
afora, sendo valorizado pelo Orçamento Participativo, pela democracia
participativa desta Cidade, embora, na prática, nós percebamos que o Governo
Municipal, reiteradamente, tem feito um esforço para esvaziar o OP, para
esvaziar os fóruns de decisão, para não considerar os pareceres dos conselhos
municipais sobre os temas pertinentes, pelos quais são chamados, assim como o
Conselho do Plano Diretor que por diversas vezes deu pareceres diferentes
daqueles que eram apresentados em projetos que foram aqui trazidos durante este
ano, especialmente como os projetos especiais.
Portanto,
o não reconhecimento dessa democracia participativa que passa para fora da
nossa Cidade, inclusive internacionalmente, se dá através, por exemplo, da
rejeição desta Emenda, que tenta organizar o sistema do Município de Porto
Alegre, um sistema de gestão que inclua a participação, a opinião do cidadão,
através dos fóruns representativos, do Conselho do Plano Diretor ou dos
conselhos pertinentes, sob, obviamente, a coordenação da Secretaria de Planejamento,
faz com que, de fato, se reconheça a opinião da população.
Ora,
um Prefeito que diz que respeita a opinião popular, que, quando tem dúvida ou
quando se omite busca uma consulta popular e aí diz que vai respeitá-la, como
no exemplo do Pontal, que reconhece essa participação popular, por que orienta,
agora, os Vereadores da base do Governo a votarem contrariamente a esta Emenda,
que organiza todo um sistema de discussão, levando em conta, simplesmente, a
participação popular?
Não
dá para entender; aliás, há muito tempo eu tenho uma certa dificuldade de
entender a opinião do Prefeito sobre as questões da Cidade, especialmente
quando são temas polêmicos, quando são temas candentes. É muito difícil - não
é, Ver. Adeli Sell? - entender e saber qual a posição. Isso ficou muito claro
agora, na votação do Plano Diretor, especialmente na Comissão, quando algumas
Emendas apresentadas pelo Prefeito Municipal, através do Projeto de Lei, foram
derrubadas pelos seus Vereadores de situação, e o Governo tenta reorganizar a
sua base dentro desta Casa, tenta recolocar Emendas e, equivocadamente, neste
momento, há uma posição dúbia do Governo.
O
Prefeito não quer a organização popular, não reconhece os fóruns regionais, os
conselhos municipais como legitimamente constituídos para opinar, por exemplo,
sobre um sistema municipal que deve ser construído através desta Emenda como um
sistema municipal de gestão de planejamento. Não dá para entender qual é a
opinião do Prefeito. Alô, Prefeito! Dê a sua opinião sobre a participação
popular na cidade de Porto Alegre.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação nominal, solicitada pelo Ver. Aldacir José Oliboni, a Emenda nº 59,
destacada, ao PLCE nº 008/07. (Após a apuração nominal.) REJEITADA por
14 votos NÃO e 13 votos SIM.
A Verª Maria Celeste está com a palavra.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, nós estamos encaminhando uma solicitação de renovação de votação
desta Emenda por escrito.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Bem, V. Exª poderá proceder dessa forma, por meio de Requerimento próprio, no
momento adequado, e com a respectiva justificativa.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, ou está certo o pedido de renovação de votação da Emenda passada,
ou está certo este pedido de renovação, porque um dos dois tem que estar
errado. Porque a tese, que eu acredito que seja a tese da Comissão, é a
diferença entre votos sim e não. Só que, no passado, a tese defendida pelos
mesmos que pediram agora a renovação, foi a da aproximação do quórum. Então,
eles têm que resolver se se filiam a uma ou a outra tese.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra.
O
SR. ENGENHEIRO COMASSETTO:
Sr. Presidente, nós estamos adotando o princípio da precaução. O Ver. Luiz Braz
nos contestou naquele outro pedido que fizemos, dizendo que nós estávamos
equivocados, que a lógica era outra, portanto nós estamos fazendo um segundo
pedido de renovação de votação, com a segunda lógica, para que ele também faça
a contestação. Uma delas, no mínimo 50%, nós vamos ganhar nesse processo. Muito
obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Bom, eu quero informar aos Srs. Vereadores que tão logo chegar o Requerimento à
Mesa, eu vou despachar de imediato. Há juízo de valor sobre a matéria, mas não
chegou ainda; portanto, manifestarei nos autos.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, várias lideranças haviam concertado que nós levaríamos as
deliberações até às 18h30min. Estamos nos aproximando das 18h30min, e eu acho
que, se nós ingressarmos na discussão de mais uma matéria, nós incidiremos
sobre esse problema.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
senhor está solicitando verificação de quórum?
O
SR. REGINALDO PUJOL: Nós
temos quórum, Sr. Presidente, mas eu estou pedindo a V. Exª que levante os
trabalhos.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Mas
eu não tenho instrumento para isso; eu sou obrigado a levar a Sessão até o
final, a não ser que peçam a verificação de quórum.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, se é isso que tem que acontecer, eu solicito a verificação de
quórum.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Antes
da verificação de quórum eu quero ratificar uma informação. Alguns Vereadores
perguntaram se haverá Sessão do Plano Diretor sexta-feira. Não. Haverá Sessão
do Plano Diretor amanhã de manhã? Não. Nós teremos amanhã, às 16 horas, duas
agendas: uma Tribuna Popular e um debate sobre a consciência negra e, às 16
horas, nós teremos Sessão Especial do Plano Diretor. Voltaremos a esta matéria
na segunda-feira, às 9 horas. Já foram devidamente comunicadas as caixas de
correspondências, e eu solicito aos Srs. Vereadores que falem com as suas
assessorias.
Solicito a abertura do
painel eletrônico, para verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Reginaldo
Pujol. (Pausa.) (Após o fechamento do painel eletrônico.) Vinte Vereadores presentes. Há quórum.
Em
votação a Emenda nº 63, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) O Ver.
Engenheiro Comassetto está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº
63, destacada, ao PLCE nº 008/07, de sua autoria.
Portanto,
os Fóruns Regionais de Planejamento têm que ter uma assessoria de urbanismo -
seja engenheiro ou arquiteto -; têm que ter uma assessoria jurídica, para que
possam produzir as suas Emendas. Como são oito Fóruns Regionais de
Planejamento, Secretário, obviamente o senhor tem que ter estrutura, o senhor
tem que ter quadros lá, de no mínimo de 16 a 20 profissionais, para dar essa
assistência técnica aos Fóruns de Planejamento. Portanto, ela já existe na
estrutura do sistema de Gestão. O que nós estamos propondo aqui, quero deixar
claro isto, é que seja estendida a assessoria técnica aos Fóruns Regionais de
Planejamento na área do urbanismo e na área da qualificação jurídica, porque
fazer planejamento urbano não é uma tarefa fácil, e os Fóruns de Planejamento,
que se reúnem semanalmente nas oito regiões da Cidade, na grande maioria das
vezes, se reúnem sem nenhuma assessoria técnica ou, no máximo, com uma pessoa
representando o Planejamento. Mas uma coisa é a representação; outra, é que
cada região dessas apresente, por exemplo, o mapa das áreas a serem
regularizadas. Isso tem conceito, isso precisa ter leitura de mapa, para isso
precisa-se saber qual é a situação jurídica dessas áreas. Para fazer uma
leitura dos elementos naturais, tem de haver esta leitura no Fórum de
Planejamento: as áreas a serem preservadas, a identificação do que é uma
nascente, do que é topo de morro, do que é talvegue, de qual é a declividade
que existe. Quem é que pode fazer isso com o Fórum de Planejamento? São os
assessores técnicos. Na sua região, Brasinha, tem o Fórum de Planejamento 3,
que se reúne lá e discute, mas falta essa informação. Esta Emenda é simples;
ela inclui no sistema Municipal da Gestão de Planejamento a assistência técnica
na qualificação urbanística e na qualificação jurídica para dar sustentação aos
Fóruns Regionais de Planejamento, que já existem. E os Fóruns é que compõem o
Conselho Municipal de Planejamento Urbano e Ambiental; então os seus
conselheiros vêm para as discussões do Fórum.
Muitas
vezes, Sr. Presidente, há grandes projetos que vão se instalar nas diversas
áreas. Para o Fórum discutir esses projetos, obviamente se houver um arquiteto,
um engenheiro junto explicando, debatendo, demonstrando, e, com a Assessoria
Jurídica, como é que ele se instala, é importante e necessário. Portanto, o que
eu estou defendendo é o obvio, aquilo que já preconiza o Sistema Nacional de
Desenvolvimento Urbano: que possamos qualificar o desenvolvimento urbano com a
assessoria técnica do urbanismo, e jurídica, para os nossos representantes, que
aqui estão presentes, e, inclusive, os representantes dos Fóruns Regionais de
Planejamento. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda
nº 63, destacada, ao PLCE nº 008/07.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Eu
vim encaminhar, em nome do PSOL, favoravelmente à Emenda do Ver. Engenheiro
Comassetto, primeiro valorizando a iniciativa do colega, porque é uma Emenda
importante, e lamentando que a Comissão Especial rejeitou uma emenda simples e,
ao mesmo tempo, fundamental. Simples, porque não é nenhuma inovação, não é nada
de outro mundo que o Sistema Municipal ofereça assistência técnica e jurídica
para as comunidades de baixa renda.
E
há alguns exemplos que nós vemos na realidade. Na Comissão Externa do Plano
Diretor, eu falava do Serviço de Assistência Jurídica à população de baixa de
renda instituído pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e que conta nos
quadros da universidade com estudantes que se dispõem a aprender o seu ofício
de advogado, atuando com as comunidades, com as pessoas que não têm recursos
para contratar, enfim, ter um serviço jurídico. Esses estudantes do SAJU se
envolvem em pautas muito importantes, sejam as pautas individuais do Direito
Familiar, do Direito Civil e de outros segmentos do Direito, sejam as pautas da
Cidade.
Existem
estudantes vinculados ao SAJU que estão fazendo o que a Prefeitura não faz. Na
Vila Chocolatão, por exemplo, estão fazendo o que a Prefeitura não faz! Como na
Vila Dique, em que estão oferecendo a possibilidade de entendimento, construção
de um processo coletivo, seja no caso específico da regularização fundiária,
seja na reivindicação de direitos. Ou, afinal, faz ou não faz falta um
acompanhamento jurídico, desde o início dos processos, para as comunidades? Se
houvesse isso, Ver. Reginaldo Pujol, V. Exª que acompanha o trabalho da Casa e
viu o que aconteceu com a Vila Dique, não teria acontecido aquele imbróglio com
a população. A população foi para uma Audiência Pública, em que apresentaram um
Projeto no PowerPoint, mas não acompanharam o processo do início ao fim.
Qual foi o resultado disso? “Caixa de fósforo” no Porto Seco! Umas casinhas
pequenas em que não cabem, Ver. Brasinha, talvez V. Exª não conheça a situação!
Então tem que entrar lá dentro para saber que não cabem um sofá de três lugares
e um sofá de dois lugares! V. Exª tem que saber que, se tem uma pessoa na
cozinha não passa outra, porque a cozinha é estreita! V. Exª tem que saber que,
se os usuários fazem parte de uma família em que há seis filhos, não vai haver
quarto para todo mundo, porque só há dois quartos lá em cima, e sem separação!
Sem separação! A população caiu no conto do vigário, porque queria, sim, sair
da Vila Dique, e ter uma vida digna lá no Porto Seco, mas está sendo
transferida para casas pequenas, sem equipamentos de Saúde, Ver. Valter
Nagelstein, V. Exª, que é Líder do Governo, sabe como faz diferença ter um
posto de saúde perto de casa! Sem escola garantida para a comunidade! As
crianças de seis anos vão ter que ir a pé para a escola, porque não há transporte
coletivo? Ou de onde tirar 2 reais e 30 centavos para poder, todos os dias, ir
à escola todos os dias?! Todos sabem que o preço da passagem está caro, porque
os donos de transportes coletivos estão ganhando bastante às custas do povo, e
falta recurso para o povo poder usar o transporte. E isso virou, Ver. Pedro
Ruas, a situação da Vila Dique. Desculpem se eu me exalto, mas ocorre que há
alguns Vereadores que ficam debochando da realidade do povo - não debocham na
minha intervenção -, porque não conhecem a realidade da Vila Dique, porque não
viram o tamanho das casas, porque não caminham na Vila Chocolatão, que não tem
saneamento básico até hoje, após 26 anos de existência dessa Vila! Estão
querendo transferir a Vila Chocolatão para a Av. Protásio Alves nº 10.000, onde
não existe posto de saúde, nem escola e nem o galpão garantido! E querem
enrolar a comunidade! Por isso acho que a base do Governo vai votar contra ter
assistência técnica e jurídica. Tomara que eu esteja enganada, Ver. João
Pancinha, tomara que a base do Governo apoie, e não seja uma má vontade de
poder possibilitar o acompanhamento real para a população de baixa renda dos
projetos de habitação social, de regularização fundiária, com assistência
jurídica, para que as pessoas tenham noção dos seus direitos e possam
reivindicar melhoria nos processos, e não caiam no conto do vigário, como
aconteceu com a maioria dos moradores da Vila Dique ou como acontece aqui com a
Vila Chocolatão, em que os moradores estão reivindicando, até agora, a melhoria
dos projetos.
É
lamentável que existam Vereadores nesta Casa que debochem quando estamos
falando da realidade do povo! Talvez porque as suas casas não sejam as casas
dos moradores da Vila Dique, e tudo bem que não sejam, mas é uma falta de
sensibilidade debochar e não ver como é triste a pessoa ter que ir para uma
“caixa de fósforos” e ainda ouvir a Prefeitura dizer que é um favor. Favor
nada, porque as pessoas cresceram, viveram e construíram as suas casas na Vila
Dique, e não pediram para sair! A Prefeitura precisa retirar e, ao retirar, tem
que retirar com dignidade, construindo casas melhores! Portanto, encaminho a
favor da Emenda, porque, se ela já existisse antes, Ver. Sebastião Melo, isso
não teria acontecido com as Vilas Dique e Chocolatão, e temos que construir
condições para que isso não aconteça mais com nenhuma comunidade.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Fui informado agora, há pouco, que
faleceu o irmão do Ver. Ervino Besson, na Santa Casa. Em seguida, ele estará
informando onde vai ser o enterro. Informo isso, com tristeza, pelo nosso
querido amigo Ervino.
Tendo cumprido
o horário dos nossos trabalhos, são 18h31min, declaro encerrados os trabalhos
da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 18h33min.)
* * * * *